Thomas Shannon, principal diplomata americano para a América Latina, afirmou nesta quinta-feira que a crise em Honduras precisa ser solucionada pelos hondurenhos - e não por imposições externas - e deu indicações de que os EUA poderiam reconhecer as eleições do dia 29, mesmo sem a volta do presidente deposto Manuel Zelaya ao poder.
"Ao mesmo tempo em que respeitamos a Carta Democrática da OEA, precisamos abordar essa questão de forma pragmática, que reconheça as decisões dos hondurenhos, e não com a OEA ou a comunidade internacional tentando impor uma solução. Sabemos que isso não funciona, a solução precisa vir de Honduras", disse Shannon em entrevista coletiva nesta quinta-feira, transmitida por videoconferência para Washington.
A pedido da secretária de Estado Hillary Clinton, Shannon foi ao país acompanhado de Dan Restrepo, responsável por Hemisfério Ocidental na Casa Branca. Eles estenderam ontem a visita a pedido de autoridades hondurenhas. Na entrevista, Shannon foi indagado sete vezes se os EUA reconhecerão a eleição se Zelaya não for restituído ao poder. Em nenhuma das respostas, todas evasivas, ele disse que a volta era precondição para legitimar a eleição.
Na quarta-feira, depois de encontrar-se com Shannon, Zelaya afirmou a jornalistas que os americanos "não mudaram de posição" "Shannon expressou seu desejo de um acordo o mais rápido possível... com a minha restituição."
Já Vilma Morales, a negociadora de Micheletti, disse que os americanos insistiram na volta ao diálogo, mas não fizeram nenhuma pressão para a restituição de Zelaya ao poder.
"Em termos do mecanismo de negociação, e uma restituição, vamos deixar nas mãos dos negociadores e da institucionalidade democrática de Honduras", disse Shannon. "No nosso ponto de vista, a comunidade internacional não deve discordar do que os hondurenhos decidirem e determinarem. Vamos aceitar qualquer coisa que os hondurenhos decidirem." Ontem, Lewis Amselem, representante americano na OEA, disse que Washington "não deve rejeitar o resultado das eleições de Honduras antes de examinar as condições em que serão realizadas".
Shannon afirmou que, sem um acordo, será díficil para a comunidade internacional acompanhar as eleições e trabalhar com Honduras para reintegrá-la na comunidade interamericana.