O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, enviou mais de 4 bilhões de dólares em pagamentos para Bagdá, em notas dentro de caixas enormes a bordo de aviões militares, pouco antes da transferência do controle do governo para iraquianos, disseram legisladores nesta quinta-feira.
O dinheiro, que estava sendo mantido pelos EUA, veio das exportações de petróleo iraquiano, do programa de troca de petróleo por alimentos da ONU, e de bens congelados que pertenciam ao regime de Saddam Hussein.
As notas, que pesam 363 toneladas, foram acondicionadas em aviões militares, no maior carregamento de dinheiro jamais feito pelo Federal Reserve, disse o legislador Henry Waxman, presidente do Comitê da Câmara de Vigilância e Reforma do Governo.
``Quem, em plena consciência, mandaria 363 toneladas de dinheiro vivo para uma zona de guerra? Mas é exatamente isso que o nosso governo fez'', disse o democrata da Califórnia durante audiência sobre possíveis desperdícios, fraudes e abusos de fundos no Iraque.
Foram enviados 1,5 bilhão de dólares ao Iraque no dia 12 de dezembro de 2003, o que se tornou ``a maior transferência de moeda dos EUA na história do Fed'', de acordo com email citado por membros do comitê.
Depois, no dia 22 de junho de 2004 foram mandados mais 2,4 bilhões de dólares, e mais 1,6 bilhão de dólares três dias depois.
Paul Bremer, que como administrador da Autoridade Provisória de Coalizão comandou o Iraque depois do final das primeiras operações militares, disse que os envios foram feitos a pedido do ministro das Finanças do Iraque.
``Ele disse: 'estou preocupado com a possibilidade de não ter o dinheiro para os gastos do governo iraquiano nos primeiros meses de soberania. Não temos os mecanismos, não sei como o dinheiro chegará aqui''', disse Bremer.
``Então foram realizados estes envios, sob pedido explícito do ministro iraquiano das Finanças, para pagar os gastos do governo, em uso do dinheiro que parece perfeitamente legítimo'', disse Bremer aos legisladores.
Democratas liderados por Waxman questionaram se a falta de controle não poderia ter levado parte do dinheiro para as mãos de insurgentes, possivelmente através de falsificação de nomes na folha de pagamento do governo.
``Não tenho conhecimento de desvio de dinheiro. Certamente ficaria preocupado com isso'', disse Bremer. Ele disse que o problema de nomes falsos existia antes da invasão liderada pelos EUA.
Republicanos argumentam que Bremer e o governo provisório fizeram o melhor que puderam diante das circunstâncias e acusaram democratas de tentar ganhar pontos políticos com a crescente impopularidade da guerra no Iraque.
``Estamos em uma guerra contra terroristas, culpar não é, na minha opinião, construtivo'', disse o republicano Dan Burton.
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