Após recente viagem da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos e pôr fim à crise com o governo americano provocada pelas ações de espionagem divulgadas em 2013, o governo brasileiro volta ao foco da polêmica. Além de Dilma, a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou sua assistente e secretária no gabinete, seu então ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, e até mesmo o telefone em seu jato presidencial. Segundo o site WikiLeaks, a NSA espionou 29 números de pessoas do alto escalão do governo. A lista foi divulgada pelo WikiLeaks no sábado (4) e revelada pela Globo News, em parceria com a publicação online “The Intercept”.
Os EUA espionaram o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Na época, Barbosa era secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Também estão na lista o ex-ministro das Relações Exteriores e atual embaixador do Brasil em Washington Luiz Alberto Figueiredo Machado, então subsecretário-geral de Meio Ambiente.
A espionagem dos americanos inclui até o telefone via satélite do avião presidencial. Há ainda quatro números do escritório da presidente no Palácio do Planalto que foram monitorados pelos espiões, além dos telefones do assessor pessoal da petista, Anderson Dornelles, e da secretária Nilce. Luiz Awazu Pereira da Silva, ex-diretor da área internacional do Banco Central, é outro que aparece na lista.
O celular de Luiz Alberto Figueiredo, ex-ministro e atual embaixador do Brasil para os EUA, nomeado pela presidente Dilma Rousseff, foi espionado, assim como o telefone do general do Exército José Elito Carvalho Siqueira, que é o diretor do Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela assistência direta e imediata à presidente sobre assuntos de segurança nacional e de defesa.
Além de Palocci e Figueiredo, aparecem como alvo da espionagem norte-americana Marcos Raposo, que foi embaixador do Brasil no México e chefe do cerimonial da Presidência da República; os diplomatas que ocupavam cargos no Itamaraty André Amado, da Subsecretaria de Ambiente e Tecnologia; Valdemar Leão, assessor financeiro; Paulo Cordeiro, da Secretaria de Assuntos Políticos; Roberto Doring, assessor do ministro das Relações Exteriores.
Outros nomes do alto escalão da diplomacia brasileira também foram grampeados: o embaixador Luiz Filipe de Macêdo Soares, com um telefone da residência oficial dele em Genebra, onde era o representante permanente do Brasil junto à conferência de desarmamento; o embaixador do Brasil na França, José Maurício Bustani, que antes foi diretor da Organização Internacional para Proibição de Armas Químicas e foi removido do cargo por pressão do governo americano. E, finalmente, o então embaixador do Brasil em Berlim, Everton Vargas. Ao G1, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que o governo não irá comentar o caso.
Revelação em 2013
A NSA monitorou o conteúdo de telefonemas, e-mails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff e de um número ainda indefinido de “assessores-chave” do governo brasileiro. Além de Dilma, também foram espionados pelos americanos nos últimos meses o presidente do México, Enrique Peña Nieto, — quando ele era apenas candidato ao cargo — e nove membros de sua equipe.
Indignada com a espionagem, Dilma cancelou, à época, uma visita de Estado agendada para Washington e condenou duramente as ações de espionagem dos EUA na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.
De acordo com documentos coletados pelo ex-técnico da agência Edward Snowden, telefonemas e e-mails foram rastreados através de pelo menos três programas. O Brasil aparece com destaque em mapas da NSA, como alvo importante no tráfego de telefonia e dados, ao lado de países como China, Rússia, Irã e Paquistão. Só em janeiro deste ano, a NSA rastreou 2,3 bilhões de dados nos EUA, e o Brasil ficou apenas um nível abaixo na escala de monitoramento.