Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira (21) que a expulsão de um cientista francês do país não teve relação com suas críticas ao presidente Donald Trump nas redes sociais, mas sim com o armazenamento indevido de informações confidenciais sobre um laboratório de segurança nacional no Novo México.
O cientista, cujo nome não foi revelado e que é especializado em pesquisas espaciais, chegou no último dia 9 de março ao aeroporto de Houston, no Texas, para participar de uma conferência nessa cidade, mas, depois de verificar seus dispositivos eletrônicos, não foi autorizado a entrar nos EUA.
“O pesquisador francês em questão estava de posse de informações confidenciais em seu dispositivo eletrônico sobre o Laboratório Nacional de Los Alamos, violando um acordo de confidencialidade, que ele admitiu ter coletado sem permissão e tentou ocultar”, declarou Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Nacional.
No entanto, de acordo com Philippe Baptiste, ministro de Educação Superior francês, o cientista foi devolvido ao seu país porque seu telefone supostamente continha trocas de mensagens com colegas e amigos nas quais ele expressava sua “opinião pessoal” sobre as políticas de ciência e pesquisa do presidente Trump.
McLaughin afirmou que a alegação de Baptiste é “flagrantemente falsa”. Baptiste, que anteriormente dirigiu o Centro Nacional de Estudos Espaciais na França, disse que não falou com o cientista, mas que a agência que ele dirige está em contato com ele.
O ministro francês disse ainda que cada país é livre para regular suas fronteiras, mas diz que o caso do cientista é “extraordinariamente atípico” e “uma questão de preocupação”.
Não se sabe quando ou como o francês pode ter trabalhado ou interagido com o laboratório de Los Alamos, especializado em pesquisas sigilosas sobre projetos de armas nucleares, mas também sobre outros assuntos. O laboratório é conhecido como um local que foi fundamental para o desenvolvimento da primeira bomba atômica.
A Academia Francesa de Ciências protestou em comunicado nesta quinta-feira (20), dizendo que isso “prejudica seriamente as liberdades fundamentais do mundo acadêmico: liberdade de pensamento, expressão e viagem”.
Na semana passada, a nefrologista libanesa Rasha Alawieh, professora da Universidade Brown, em Rhode Island, que possui um visto válido para trabalhadores estrangeiros em ocupações qualificadas, teve sua entrada negada ao chegar ao aeroporto de Boston, em Massachusetts, depois de analisar as fotos em seu telefone celular.
O governo dos EUA acusa Alawieh de ter comparecido ao funeral de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, grupo libanês considerado terrorista pelos EUA, em fevereiro em Beirute.