Os Estados Unidos firmaram posição na quarta-feira contra os apelos para que a ONU declare um cessar-fogo entre Israel e o Líbano. Para o governo americano, não faz sentido declarar uma trégua entre um Estado e um "grupo terrorista" como o Hezbollah.

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Poucas horas depois de a França ter proposto que o Conselho de Segurança da ONU analisasse a possibilidade de aprovar uma resolução que exija um cessar-fogo duradouro, o embaixador norte-americano John Bolton disse que o conselho deveria se dedicar a desarmar o Hezbollah e em permitir que o governo libanês estenda seu controle sobre todo o território do país.

- É difícil entender, das pessoas que pedem o cessar-fogo, como se pode fazer um cessar-fogo com uma organização terrorista como o Hezbollah - disse Bolton a repórteres. - Não tenho certeza de que a concepção tradicional de cessar-fogo faça algum sentido em se tratando de um grupo terrorista que lança foguetes contra populações civis e sequestra israelenses inocentes.

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A França, num documento que circulou entre os integrantes do conselho na noite de terça-feira, sugeriu uma resolução que exija um cessar-fogo duradouro, a libertação dos soldados israelenses sequestrados e que preveja a possibilidade de uma força de paz.

O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, renovou na quarta-feira seu apelo por uma trégua imediata, afirmando que mais de 300 pessoas já morreram e que mais de 500 mil foram tiradas de suas casas no Líbano desde o início da ofensiva israelense contra o Hezbollah, que está em seu oitavo dia.

Os confrontos começaram quando militantes do Hezbollah mataram oito soldados israelenses e capturaram dois, na quarta-feira.

O porta-voz da ONU Farhan Haq reiterou em Nova York o apelo do secretário-geral da entidade, Kofi Annan, para o fim imediato das hostilidades.

Para o embaixador francês na ONU, Jean-Marc de la Sabliere, chegou a hora de o Conselho de Segurança agir.

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- Temos de pedir um cessar-fogo sustentável e enfatizar a necessidade de tratar as causas imediatas e subliminares da crise atual - disse ele a repórteres, chamando o documento com a proposta de um estímulo para que o conselho tome alguma atitude.

Bolton disse que os Estados Unidos estão esperando que Annan dê informações, na quinta-feira, sobre a missão que enviou ao Oriente Médio, antes de decidir quais serão os próximos passos.

- A situação está evoluindo dia a dia, e acho que é importante obtermos as informações amanhã. Então veremos, em primeiro lugar, qual é o veículo apropriado, e, em segundo lugar, qual é o momento apropriado - disse ele. - Acredito que, conforme nos aproximamos do fim da semana, vamos analisar que medidas o Conselho de Segurança pode tomar.

A ONU e países ocidentais propuseram a criação de uma força internacional, dentro do acordo para o cessar-fogo, que seja maior e mais bem armada que a atual Unifil (Força Interina da ONU no Líbano), que monitora as fronteiras no sul do Líbano e que fracassou na maioria de seus objetivos.

Entre as opções, segundo os diplomatas, está a substituição da Unifil por uma nova força da ONU e a mobilização de uma outra força multinacional que seria endossada pelo Conselho de Segurança.

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Mas há questões espinhosas, como se a nova força teria autoridade para desarmar o Hezbollah e se ela atuaria sozinha ou em conjunto com o Exército libanês.