Os EUA bombardearam na madrugada deste sábado (14, noite de sexta-feira no Brasil) bases aéreas da Síria, junto com Reino Unido e França, em retaliação ao suposto ataque químico numa área rebelde da periferia de Damasco.
A Casa Branca diz que o ato em questão foi uma ordem do ditador sírio Bashar al-Assad, a quem acusa de usar armas químicas em Douma no dia 7, em que 40 pessoas teriam sido mortas —o regime nega, assim como a Rússia, seu principal aliado.
Uma série de explosões foi ouvida em Damasco, mas não há informações da magnitude do dano. A agência estatal síria Sana informou que o regime responde ao ataque aéreo com disparos de seus sistemas antiaéreos.
Em pronunciamento, o presidente Donald Trump afirmou que o bombardeio liderado por Washington foi destinado a destruir um quinto da Força Aérea síria.
“Há poucos instantes, dei ordem para que as Forças Armadas dos Estados Unidos atacassem alvos sírios associados às capacidades de uso de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad”, disse.
Ele disse que os EUA estão preparados para sustentar a pressão contra o ditador sírio até cessar o que ele chama de padrão criminoso de matar sua própria população com armas químicas proibidas em todo o mundo.
“Estas não são as ações de um homem. São crimes de um monstro”, disse, e criticou Rússia e Irã. “Pergunto, que tipo de nação quer ser associada com o assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes.”
Na semana passada, Trump havia anunciado que os EUA planejavam trazer seus 2 mil soldados em ação no combate de volta para casa em breve. A tropa auxiliava os combatentes curdos no combate à facção terrorista Estado Islâmico.
Na sequência do pronunciamento na Casa Branca, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que o ataque não é uma intervenção para derrubar Assad, mas para limitar a capacidade dele de usar armas químicas.
“Fiz isso porque considero que esta ação será no interesse nacional britânico. Nós não podemos permitir que o uso de armas químicas se torne normal —na Síria, nas ruas do Reino Unido ou em qualquer lugar do mundo.”
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Trump também pediu ao Irã e à Rússia que deixem de apoiar um regime que causa "assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes". Teerã e Moscou são os dois maiores apoiadores do governo Assad.
No Twitter
O ataque já estava sendo planejado pelo presidente americano. domingo (8), no Twitter, ele afirmou que Rússia e Irã eram responsáveis por apoiar o “animal”Bashar Assad e que haveria um “grande preço” a pagar. Já na quarta-feira (11), o presidente dos EUA twitou: “Prepare-se, Russia, porque eles [mísseis] estão vindo, bonitos, novos e inteligentes”.
A resposta ao presidente sírio marca a segunda vez no ano que Trump usou forças militares contra Assad, que, de acordo com oficiais norte-americanos, continua a testar a paciência do Ocidente em aceitar ataques químicos.
A ação segue as repetidas ameaças militares de Trump após um ataque com armas químicas que matou civis nas cidades nos arredores de Damasco.
A operação levanta preocupações de alguns oficiais do Pentágono, que se preocupam com o fato de que o ataque possa levar os Estados Unidos a um conflito perigoso com a Rússia, atual aliada de Assad.
Tanto a Síria quanto a Rússia negaram envolvimento no ataque com armas químicas, que, segundo o Ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, foram encenados.
O episódio é o capítulo mais recente do conflito na Síria, que já matou mais de meio milhão de pessoas e que arrastou os poderes mundiais desde o levante popular em 2011.
Críticas
O embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, afirmou nesta sexta-feira, 13, por meio de comunicado que o ataque americano contra bases sírias “não ficará sem consequências”. “Nossos avisos não foram ouvidos”, escreveu Antonov. “Novamente, estamos sendo ameaçados. Nós avisamos que tais ações não ficarão sem consequências”.
“Os Estados Unidos - o detentor do maior arsenal de armas químicas do mundo - não tem direito moral para culpar outros países”, destacou Antonov.
Além dele, o embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou nesta sexta-feira (13) que os Estados Unidos parecem ter adotado uma política de "lançar um cenário militar contra a Síria". Segundo a autoridade, Moscou continua a observar preparativos militares "perigosos".
Durante reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU, Nebenzia disse que a "retórica belicosa" dos EUA aparece em todos os níveis, "inclusive nos mais altos". Segundo ele, isso "não pode ser tolerado", diante das "graves repercussões para a segurança global", especialmente com tropas russas presentes na Síria.