O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, culpou nesta quarta-feira (12) o grupo terrorista palestino Hamas por impedir que um acordo de trégua seja alcançado, depois de pedir “inúmeras mudanças” na proposta apresentada pelos Estados Unidos, algumas das quais “não são viáveis”.
“Várias mudanças foram propostas para o acordo que está na mesa e que todos apoiam. Algumas delas são mudanças viáveis, mas outras, não”, disse Blinken em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Mohammed bin Abdulrahman, em Doha.
Visivelmente irritado, Blinken disse que a negociação chega a um ponto “em que, se um dos lados continua mudando suas condições, até mesmo fazendo exigências e insistindo em mudanças em coisas com as quais já concordaram, é preciso questionar se estão procedendo de boa-fé ou não”.
Blinken afirmou que, juntamente com os mediadores Egito e Catar, seu país está “determinado a tentar preencher as lacunas”. Mas, embora esteja trabalhando para garantir que essas diferenças possam ser superadas, “isso não significa que serão”.
“Quanto mais isso continuar, mais pessoas sofrerão. E é hora de acabar com as negociações e começar um cessar-fogo. É simples assim”, disse Blinken na última etapa de sua oitava viagem pelo Oriente Médio desde 7 de outubro do ano passado, quando o Hamas atacou Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando outras 200, desencadeando uma guerra na Faixa de Gaza.
Perguntado se Israel também deveria ser pressionado, Blinken disse que “Israel aceitou a proposta, como ela era, e o Hamas não aceitou”.
“Então, acho que está bem claro o que precisa acontecer. Estamos determinados a tentar trabalhar nisso nos próximos dias. Vamos trabalhar nisso com urgência e ver se as brechas são viáveis”, argumentou.
Blinken insistiu que “está claro” para todos que, no caso de não aceitação, o Hamas fez “a escolha de continuar uma guerra que eles começaram”.
Catar defende pressão sobre Israel e Hamas
Enquanto isso, o primeiro-ministro do Catar opinou que “ambos os lados”, tanto Israel quanto o Hamas, “precisam fazer algumas concessões para chegar a um acordo”.
“Se falamos de pressão, a pressão deve ser exercida sobre ambos os lados”, comentou, ao alegar “declarações contraditórias de algumas autoridades israelenses”, que também devem ser “colocadas sob pressão”.
O papel dos mediadores, segundo o catariano, é tentar preencher as lacunas “e não julgar um lado ou o outro”.
Ambos não quiseram especificar quais mudanças o Hamas fez na proposta de trégua apresentada há 12 dias pelo presidente dos EUA, Joe Biden.
No entanto, um funcionário do Hamas disse à Agência EFE, sob condição de anonimato, que as mudanças tratam de esclarecimentos sobre se o cessar-fogo é temporário ou permanente - a questão fundamental nessa negociação -, bem como sobre a retirada total israelense de Gaza e o prazo em que isso ocorrerá.
O informante insistiu que “não há mudanças fundamentais com relação à troca de prisioneiros, mas sim algumas questões relacionadas ao cessar-fogo e quando ele será permanente”.
Essa proposta, endossada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, oferece a Israel e ao Hamas um plano de três fases e seis semanas para acabar com a guerra na Faixa de Gaza.
Além do cessar-fogo, o plano prevê a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, a retirada israelense do enclave, o aumento da ajuda aos habitantes da Faixa de Gaza, entre outros pontos, e, em uma fase final, um processo para a reconstrução da região.