A comemoração nos EUA dos 50 anos da histórica marcha em Washington pelos direitos civis começará nesta quarta-feira (21) com uma cerimônia religiosa e terminará em 28 de agosto com um discurso de Barack Obama no mesmo monumento onde Martin Luther King falou à multidão em 1963.
A Rede Nacional de Clérigos Afro-americanos, associações cristãs, latinas e judaicas se reunirão nesta quarta em uma igreja a poucos metros do Capitólio em Washington para ressaltar a mensagem que Martin Luther King lançou há 50 anos (1929-1968).
"Nos juntamos em nossas orações para que sejam cumpridos os sonhos de King, que é o respeito ao direito ao voto, a imigração, os empregos, os cuidados com os pobres e a superação das divisões raciais", indicou Barbara Williams-Skinner, copresidenta da Rede Nacional de Clérigos Afro-americanos.
Em 28 de agosto de 1963, o reverendo afro-americano Martin Luther King liderou a "Marcha por Trabalhos e Liberdade", que canalizou o mal-estar latente pelas injustiças sociais das pessoas que eram vítimas, especialmente os negros, e contribuiu para mudar a dinâmica do país.
O movimento pacífico porta-bandeira por King conseguiu a aprovação da Lei dos Direitos Civis (1964) e da Lei do Direito ao Voto (1965), normativas que marcaram a luta pelos direitos das minorias nos EUA e contra a discriminação por raça, gênero, religião e nacionalidade.
Depois de 50 anos, o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, em seu segundo mandato, usará o evento para imitar, desde o monumento a Abraham Lincoln, o reverendo King, que foi assassinado em 1968 em Memphis.
Obama disse em reiteradas ocasiões que King é uma fonte de inspiração para ele.
Em seu discurso na próxima quarta-feira, Obama terá a companhia de outros dois presidentes democratas vivos, Bill Clinton e Jimmy Carter, além de membros da família de Martin Luther King e vários ativistas e líderes de movimentos sociais.
Entre a missa de hoje e o discurso de Obama, Washington viverá uma intensa semana de celebrações e reconhecimentos em direção a todas as minorias do país, com um especial enfoque na comunidade afro-americana, incluíndo uma marcha para reviver a de 1963.
Os organizadores da marcha de sábado esperam a presença de até 100 mil pessoas, número muito inferior ao de 50 anos atrás, quando cerca de 250 mil manifestantes, a maioria negros, saíram às ruas.
Além disso, na quarta-feira, dia 28 de agosto, data exata do aniversário, está convocada outra marcha, agora com a presença de Obama, Clinton e Carter.
Na quinta-feira, duas coalizões de organizações afro-americanas realizarão eventos em homenagem aos jovens e às mulheres negras, com música, debates e atividades ao ar livre.
Os objetivos da marcha de 50 anos atrás, liberdade, justiça e emprego, são "os mesmos válidos para a deste ano", indicou em uma conferência telefônica o presidente da Conferência para a Liderança dos Direitos Civis e Humanos, Wade Henderson.
"Os organizadores da marcha reivindicam a necessidade de proteger o direito ao voto, promover uma reforma migratória integral e defender os direitos do povo com deficiência, assim como da comunidade LGBT, entre outras muitas coisas. Só em coalizão poderemos conseguir nossos tão diversos objetivos", reforçou Henderson.