Os Estados Unidos estão enviando uma dúzia de aviões de combate F-16 para a Polônia, como parte de um exercício de treinamento, em meio a contínuas tensões entre a Ucrânia e a Rússia, informou ontem o Ministério da Defesa polonês.
Cerca de trezentos soldados também serão enviados para a Polônia, como parte do exercício. O envio das equipes e aeronaves deve ser concluído até quinta-feira.
O secretário de Estado dos EUA para a Defesa, Chuck Hagel, e seu homólogo polaco Tomasz Siemoniak concordaram com o envio durante um telefonema, de acordo com um comunicado do ministério polonês Os soldados teriam sido enviados a pedido da Polônia.
O exercício foi originalmente planejado para ser menor, mas foi ampliado por causa da "situação política tensa" na Ucrânia, disse o porta-voz do ministério da defesa, Jacek Sonta.
O envio das tropas e das aeronaves à Polônia acontece depois de Washington anunciar que também estava enviando quatro aviões F-15 para a Lituânia para reforçar a vigilância no espaço aéreo em torno do Báltico.
De acordo com o Ministério da Defesa da Lituânia, o movimento foi uma resposta à "agressão russa na Ucrânia e ao aumento da atividade militar em Kaliningrado", o enclave russo que faz fronteira com a Polônia e a Lituânia.
Enquanto a Polônia tem 48 de seus próprios F-16, os estados bálticos não têm meios aéreos suficientes e se voltam à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para fornecer proteção para seus espaços aéreos.
Encontro
O presidente dos EUA Barack Obama vai encontrar nesta semana com o primeiro ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, confirmou a Casa Branca ontem. O encontro é uma mostra do apoio dos Estados Unidos ao incipiente novo governo da Ucrânia.
Mais cedo, o próprio Yatsenyuk tinha informado que viajaria aos Estados Unidos nesta semana para discutir a crise na Crimeia.
O vice-presidente norte-americano Joe Biden vai encurtar sua viagem à América Latina para estar presente na reunião, informou um assessor.
A reunião na Casa Branca entre Obama e Yatsenyuk deve ter como foco as opções para resolver pacificamente a invenção militar da Rússia na região da Crimeia, informou a Casa Branca, acrescentando que a solução deve respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
Ao convidar Yatsenyuk, os EUA também está enviando um sinal claro a Moscou que os EUA o consideram como líder legítimo da Ucrânia, pelo menos por enquanto. O presidente russo, Vladimir Putin, alega que Yatsenyuk tomou o poder por meio de um golpe inconstitucional.
Embaixador quer pronunciamento do Brasil
Helena Carnieri
Em discurso durante evento da comunidade ucraniana em Curitiba, o embaixador Rostyslav Tronenko cobrou do governo brasileiro que se pronuncie contra a ocupação do território da Crimeia pela Rússia para ele, uma clara violação do capítulo 6 da Carta das Nações Unidas. O diplomata participou ontem de manifestação que reuniu cerca de 250 descendentes do país eslavo na Praça da Ucrânia.
"Não queremos que o Brasil compre a briga, embora a situação valesse uma. E entendo que o Brasil precisa dos Brics", disse o embaixador à Gazeta do Povo, referindo-se ao bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Mas gostaríamos de qualquer gesto de solidariedade do Brasil como membro da ONU. Afinal, o capítulo 6 da Carta das Nações Unidas fala da solução pacífica de controvérsias, e não temos diálogo com a Rússia."
Tronenko afirma estar sendo pressionado pela comunidade ucraniana brasileira a pedir esse posicionamento do governo brasileiro, motivo pelo qual também decidiu, de última hora, participar de uma manifestação de descendentes em Prudentópolis (região central do Paraná), no sábado, e do evento de ontem em Curitiba. A própria comunidade já enviou uma carta ao governo brasileiro pedindo o fim da imparcialidade diplomática.
Também em discurso, a embaixatriz Fabiana Tronenko, que é curitibana, afirmou que o casal tem recebido e-mails de brasileiros prontos a "pegar em armas para ir lutar na Ucrânia".
A manifestação deste domingo marcou o bicentenário de nascimento do herói nacional da Ucrânia, o poeta Taras Chevtchenko, que pregava a independência do país e ao redor de cuja estátua foi realizada a solenidade. Participaram ainda a cônsul Larysa Myronenko, líderes religiosos,o presidente da Câmara Municipal, Paulo Salamuni e o deputado federal Ângelo Vanhoni (PT-PR), responsável pela instituição do 24 de agosto como Dia Nacional da Comunidade Ucraniana. Em seu discurso, Vanhoni comparou a crise do país eslavo com uma inimaginável invasão da Itália ao Brasil para defender a comunidade italiana local.
O Paraná soma 400 mil do meio milhão de descendentes ucranianos no Brasil.