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Ivan Provorov
Ivan Provorov, jogador de hockey em time da Filadélfia que nasceu na Rússia.| Foto: All-Pro Reels

Ivan Provorov, um jogador de hockey da liga norte-americana NHL, foi alvo de polêmica esta semana por se recusar a vestir as cores da bandeira LGBT em uma comemoração do seu time, os Philadelphia Flyers. Ivan, que nasceu em 1997 na Rússia, cita sua fé ortodoxa russa como justificativa para a objeção de consciência.

“Eu respeito a todos e respeito as escolhas de todos. A minha escolha é ser verdadeiro comigo mesmo e a minha religião”, disse ele na terça (17). “É tudo o que tenho a dizer”, concluiu o jogador, que atua na defesa do time e aprendeu a patinar no gelo aos cinco anos de idade.

O técnico dos Flyers, John Tortorella, defendeu o direito de Ivan de ter as suas crenças. “É uma coisa que eu respeito no Provy, ele sempre é verdadeiro”, disse John, que respondeu “não” à pergunta de um repórter sobre perspectiva de deixar o russo no banco como punição.

Sid Seixeiro, um apresentador de TV e comentarista esportivo canadense, insinuou incoerência na postura do técnico. Em 2016, quando jogadores estavam fazendo protestos durante hinos nacionais pela causa racial, John teria dito que “se qualquer um dos meus jogadores se sentarem no banco para o hino nacional, ficarão sentados pelo resto do jogo”.

“A organização Philadelphia Flyers está comprometida com a inclusão e tem orgulho de apoiar a comunidade LGBTQ+”, disse em nota o time, “os Flyers continuarão a ser defensores firmes da inclusão e da comunidade LGBTQ+”. A liga NHL (sigla em inglês para Liga Nacional de Hockey — com times americanos e canadenses) também tem se manifestado favoravelmente à causa, com mensagens e a promoção de um torneio para transexuais e “pessoas não-binárias”, com cerca de 80 participantes.

Quando comentaristas expressaram preocupação com homens biológicos jogando contra mulheres biológicas, a NHL respondeu “Mulheres trans são mulheres. Homens trans são homens. A identidade não-binária é real”. A organização também já abriu vagas de emprego exclusivas para minorias raciais e mulheres, na Flórida. O governador do estado, Ron DeSantis, que é conservador, exigiu que os critérios discriminatórios fossem removidos. A NHL cedeu e ofereceu as vagas a todos os candidatos, independentemente de raça e sexo.

Transmutação do movimento

Para Andrew Sullivan, escritor britânico-americano, homossexual e conservador católico, o caso ilustra um padrão maior. “O movimento dos direitos dos gays tratava de libertar as pessoas. O movimento LGBTQIA+ trata de controlá-las”, disse o autor, que se considera seguidor das ideias de Michael Oakeshott.

No canal de TV da NHL, o comentarista E. J. Hradek sugeriu que o jogador de hockey deixe o país: “Ivan Provorov pode pegar um avião em qualquer dia que quiser e voltar a um lugar onde ele se sinta mais confortável, tome menos dinheiro e continue sua vida”, disse o jornalista em um programa de quarta-feira (18). “Se é um problema tão grande para ele talvez se assimilar ao grupo de parceiros de time, e à comunidade, e aqui neste país, (...) há sempre a chance de ir embora. Entendo que há algum tipo de conflito acontecendo lá, talvez ele deveria se envolver”, concluiu, fazendo referência à guerra na Ucrânia após a invasão da Rússia.

Reagindo ao comentário de Hradek, o usuário do Twitter Maxwell Meyer respondeu que “o movimento gay, em cerca de sete anos, foi de ‘direitos iguais!’ para ‘vá morrer em uma guerra de trincheira se você não vestir uma camisa do orgulho [LGBT]!’”. Elon Musk, dono da rede social, acrescentou ao comentário de Maxwell: “O pêndulo foi um pouco longe demais”.

O caso de Ivan lembra outros casos nos Estados Unidos e na Europa de confeiteiros cristãos que fizeram objeção de consciência a pedidos de bolo para casamentos gays, iniciando disputas judiciais com resultados diversos, tendendo à vitória do ativismo ao menos na Europa. Mesmo sendo o casamento gay uma instituição civil no Brasil, celebrantes de cerimônias religiosas de matrimônio se sentem sob pressão para aceitar casais do mesmo sexo, e temem a insegurança jurídica criada pela criminalização da homofobia por ativismo judicial do Supremo Tribunal Federal.

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