O diretor nacional de inteligência dos Estados Unidos, James Clapper, considerou nesta quinta-feira (11) que com suas ameaças o líder norte-coreano, Kim Jong-un, trata de "consolidar" seu poder e demonstrar que tem um "controle firme" sobre Coreia do Norte. Clapper, que compareceu perante o comitê de Inteligência da Câmara de Representantes (Deputados), considerou que a "retórica beligerante" usada por Kim é destinada fundamentalmente a um público interno, mas também à comunidade internacional, já que busca um "reconhecimento do mundo" e, concretamente, dos EUA.
Segundo Clapper explicou, Kim, que chegou ao poder após a morte de seu pai Kim Jong-il em dezembro de 2011, quer demonstrar que a Coreia do Norte pode competir como potência nuclear. "Isso lhe dá direito à negociação e, provavelmente, a (receber) ajudas", afirmou.
A inteligência segue de perto a evolução de Kim, já que ele não ficou tempo suficiente no Governo para saber se agirá como seu pai ou como seu avô, o fundador da Coreia do Norte Kim Il-sung, mas considerou que seu objetivo provavelmente "não será outro além de provar sua posição".
Clapper analisou, junto com o diretor da CIA, John Brennan; o diretor do FBI, Robert Müller; e o diretor da Agência de Inteligência de Defesa, o tenente-general Michael Flynn, as ameaças globais enfrentadas pelos EUA.
Os ciberataques se transformaram "na maior ameaça que provém agora dos estados-nação hostis a nós", assinalou o diretor do FBI.
Os analistas assinalaram que China e Rússia estão entre os países com mais capacidade para lançar um ataque cibernético, embora tenham considerado que é "pouco provável" que cometam um ataque devastador que cause uma crise nos EUA.
Em matéria de terrorismo assinalaram que a possibilidade de Al Qaeda realizar um ataque em massa coordenado contra os EUA é menor.
Os analistas apontam que os líderes islamitas foram os principais beneficiados da abertura política no Egito, Tunísia e Marrocos após a Primavera Árabe.
As armas de destruição em massa e a proliferação nuclear continuam sendo outra "ameaça persistente" para os EUA, proveniente de países como Coreia do Norte e Irã, que, segundo indicaram, continua desenvolvendo a técnica necessária para fabricar uma arma nuclear.
Os EUA e seus aliados também vigiam a situação da Síria e os arsenais e as armas químicas que podem causar mortes "maciças" em um conflito no qual 70 mil pessoas já perderam a vida.
Após dois anos de conflito Clapper assegurou que o regime de Bashar al Assad "tem os dias contados" e que sua queda "não acabará com a crise".
Por outro lado, advertiu-se que a África está se transformando em um "caldo de cultivo" para terroristas, recomendando-se "ter cuidado de manter as ameaças em perspectiva e não tomar ações que poderiam transformar uma luta regional interna em movimentos contra o Ocidente".