O relatório secreto que concluiu que a guerra do Iraque alimentou o fundamentalismo islâmico foi liberado ao público nesta terça-feira. O anúncio da liberação, após vazamento de informações à imprensa, foi feito pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. O líder de Washington acusou adversários de vazarem o documento para fins políticos. Nesta sexta-feira, os EUA anunciaram que vão adiar o retorno de cerca de 4.000 soldados baseados no Iraque.
De acordo com o documento, da Estimativa Nacional de Inteligência sobre as tendências do terrorismo global observa que a guerra liderada pelos EUA no Iraque se tornou uma "causa da ser celebrada por jihadistas, semeando um profundo ressentimento quanto ao involvimento dos EUA no mundo muçulmano e cultivando seguidores do movimento global da guerra santa". O relatório diz, ainda, que a Al-Qaeda, rede terrorista liderada por Osama bin Laden, conseguiu, danificada, disseminar-se ainda mais.
Importantes parlamentares republicanos vinham pressionando a Casa Branca a divulgar a avaliação de inteligência sobre as tendências do terrorismo, porque o documento estava sendo usado pelos democratas para criticar a atuação do governo na guerra do Iraque.
Bush disse em entrevista coletiva que o relatório foi concluído em abril, com informações colhidas até fevereiro.
- Acho um mau hábito do nosso governo divulgar (documentos secretos) toda vez que há um vazamento - afirmou Bush. Porém mais uma vez houve um vazamento em nosso governo, aparecendo bem na campanha (para as eleições parlamentares de 7 de novembro), a fim de criar confusão na mente do povo americano. Na minha opinião é por isso que o vazaram - acrescentou.
Bush vem tentando demonstrar que seu Partido Republicano é mais confiável em questões de segurança nacional que o Democrata.
Mas a análise realizada por 16 agências de espionagem dos EUA concluiu que a guerra do Iraque difundiu o radicalismo islâmico e agravou o problema do terrorismo como um todo, segundo atuais e ex-funcionários de inteligência que tiveram acesso ao documento.
A Casa Branca diz que os trechos que vieram à tona não refletem o todo.
- Vocês poderão ler por si próprios - disse Bush. - Vamos parar com toda a especulação, toda a política em cima de alguém dizendo alguma coisa sobre o Iraque, alguém tentando confundir o povo americano sobre a natureza deste inimigo - emendou.
Bush disse concordar com o trecho do relatório segundo o qual os sucessos contra a liderança da Al Qaeda levaram os extremistas "a ficarem mais difusos e independentes" e que eles estão usando o Iraque como arma de recrutamento.
Mas, afirmou o presidente, "algumas pessoas supuseram o que está no relatório e concluíram que ir para o Iraque foi um erro. Discordo fortemente. Acho ingênuo."
O presidente do Partido Democrata, Howard Dean, disse que agora os americanos poderão decidir sobre os méritos do relatório, repetiu as críticas da oposição de que a guerra no Iraque deixou os americanos menos seguros e sob necessidade de uma nova direção.
"Os fatos são coisas teimosas", disse Dean em nota. "Nada muda o fato de que a fracassada liderança do presidente Bush e sua escolha de guerra no Iraque nos deixaram menos seguros e prejudicaram nossa capacidade de fazer e ganhar a guerra global contra o terrorismo", finalizou ele.