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Entrevista

EUA não vão se sobrepor à Minustah no Haiti, diz adido militar em Brasília

Soldado americano parte em helicóptero levando suprimento de água: tensão na divisão de tarefas com outros países | Aaron Shelley/AFP
Soldado americano parte em helicóptero levando suprimento de água: tensão na divisão de tarefas com outros países (Foto: Aaron Shelley/AFP)

Após a tensão diplomática que se instalou com a ocupação do aeroporto de Porto Príncipe pelas forças norte-americanas no fim de semana, o adido militar do Comando Sul do Exército dos EUA em Brasília, coronel Willie Berges, disse que a função de seus compatriotas não é se sobrepor àquelas exercidas pela Missão de Paz da ONU para Estabilização do Haiti (Minus­tah), chefiada pelo Brasil, e que o Comando Sul, junto com o Departamento de Estado e com a agência de ajuda do governo americano (Usaid), é facilitar a entrega de auxílio humanitário ao país, zelar pela segurança de equipamentos, remédios e mantimentos e ajudar cidadãos americanos que vivem no Haiti. Na entrevista, concedida ao portal de notícias do jornal O Estado de São Paulo, ele também fala da prioridade no auxílio aos 45 mil norte-americanos que estavam no país caribenho quando ocorreu o terremoto:

Qual está sendo hoje o papel do Exército americano em Por­to Príncipe?

Nós estamos apoiando o governo do Haiti. Primeiro, na área de buscas e resgate e ajudando na área médica e de transporte. Nós também estamos ajudando os 45 mil americanos no Haiti.

Com o aeroporto de Porto Príncipe destruído, o Exército dos EUA está coordenando a chegadas dos aviões?

Para respeitar a soberania do Haiti, só tivemos o controle do aeroporto ontem (sábado) à noite. Recebemos o controle do governo do Haiti, que outorgou o controle por um tempo limitado.

Na questão da segurança, esse efetivo militar que o presidente Obama disse que iria mandar para o Haiti vai ter uma função de segurança ou de distribuição de ajuda?

A maioria é de ajuda. A segurança é de responsabilidade da Minustah. Vamos apoiá-los e trabalhar com eles. Mas a maioria do efetivo é de buscas, transporte, logística. Estamos trabalhando em conjunto com a Minustah e com o governo do Haiti.

Temos recebido relatos do Haiti de que está havendo problemas de logística para desembarcar esta ajuda e fazer a distribuição. Qual o papel dos EUA nisso? Existe um co­­mando central de logística no Haiti hoje?

O subcomandante do Co­­mando Sul está centralizando tudo. Mas nas primeiras horas o controle do aeroporto ainda era haitiano. Agora, temos um processo mais eficiente. Deixando entrar aviões que tenham prioridade. Por exemplo, um avião médico.

Como estão sendo tomadas as decisões entre a Minustah, o governo do Haiti e os EUA?

Na área militar, temos muita cooperação com os brasileiros no Haiti. Por isso vamos trabalhar juntos. O Comando Sul conversa com a Minustah e o governo do Haiti fala com o Departamento de Estado e com a ONU. Em todas as decisões importantes o governo do Haiti é consultado. Por isso a resposta ficou um pouco confusa, porque não iríamos tomar controle do aeroporto sem autorização.

O chefe do Estado Maior do Brasil no Haiti disse que o Brasil deveria pedir para a ONU definir qual o papel de cada um no Haiti. Qual a sua opinião?

As Nações Unidas estão falando com os EUA sobre a prioridade de cada um. O ministro Jobim (Defesa) já falou sobre as prioridades que ele identificou para o Brasil. Para nós a prioridade, é óbvio, é a ajuda e não duplicar esforços com a Minustah. Estamos priorizando a área médica, transporte e logística, comida e água, para que tudo chegue mais rápido. E na segurança desses itens. As tropas vêm para segurança do equipamento e de cidadãos americanos.

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