O CEO do Facebook (Meta), Mark Zuckerberg.| Foto: Alex Wong/AFP
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Enquanto o novo Twitter sob Elon Musk promete respeitar mais a liberdade de expressão dos usuários após revelações de moderação de conteúdo a pedido de funcionários do governo Biden e agentes de inteligência, cresce entre os parlamentares do Partido Democrata preocupação que o Facebook siga pelo mesmo caminho.

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Quatro congressistas democratas, incluindo os representantes Adam Schiff (Califórnia), André Carson (Indiana), Kathy Castor (Flórida) e o senador Sheldon Whitehouse mandaram uma carta pública endereçada a Nicholas Clegg, presidente de assuntos globais da Meta — novo nome da empresa dona do Facebook, Instagram e Whatsapp. O próprio Clegg já foi um parlamentar no Reino Unido. Na correspondência, os políticos pedem com urgência que a empresa de mídia social “mantenha seu compromisso de remover conteúdo perigoso e infundado de negação das eleições de sua plataforma”. O termo “negação das eleições” tem sido aplicado por progressistas especialmente contra apoiadores de Donald Trump que estimulam ceticismo contra os resultados do pleito de 2020, desde as eleições de meio de mandato do mês passado.

Os parlamentares progressistas citam explicitamente Donald Trump, pedindo que ele continue banido do Facebook para além do prazo previsto para o fim do banimento, em janeiro de 2023. O Facebook é responsável por mais tráfego na internet que o Twitter: 74% dos encaminhamentos de cliques acontecem pelo Facebook, contra apenas 7% do Twitter.

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Os autores da carta também querem que o Facebook expanda seu papel de moderação de conteúdo, pois, diferente de outras redes sociais, suas regras de uso “não proíbem publicações que fazem alegações infundadas de fraude eleitoral”. O histórico dos parlamentares no combate à desinformação não é completamente probo. Adam Schiff, por exemplo, antes das eleições de 2020, defendeu que a notícia sobre o laptop de Hunter Biden, filho do atual presidente, era desinformação plantada pelos russos.

Para Jonathan Turley, jurista e comentarista político conservador, a carta é “uma não tão sutil ameaça” ao Facebook. Caso a rede social reduza “seu sistema infame de censura”, diz Turley, os quatro congressistas prometem importuná-la com procedimentos burocráticos no Congresso. “Com os republicanos prometendo investigar a censura das mídias sociais quando tomarem controle [da Casa dos Representantes] em janeiro, esses quatro membros democratas estão tentando forçar o Facebook a se ‘recomprometer’ a censurar opiniões divergentes e tornar permanentes as políticas de censura das eleições”, acusa o colunista.

O fim do “traga todo o seu eu para o trabalho”

A Meta instituiu uma nova diretriz interna no começo deste mês que proíbe discussões de política entre os funcionários, uma medida que foi associada à direita quando implementada por empresas menores de tecnologia nos últimos anos. “Estamos fazendo isso para assegurar que as discussões internas permaneçam respeitosas, produtivas, e que nos permitam manter o foco”, disse Lori Goler, chefe de pessoal na Meta, em comunicação a todos os funcionários

É uma guinada completa na cultura de empresas de tecnologia do Vale do Silício desde o começo da década passada, quando empresas como o Google (hoje parte da Alphabet) encorajavam os funcionários a “trazerem todo o seu eu para o trabalho”. O próprio fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, costumava usar como lema “mexa-se rápido e quebre coisas”. Não mais. No mês passado, a Meta demitiu 11 mil funcionários. Todo o setor passa por tempos de vacas mais magras após a pandemia da Covid e a situação econômica dos EUA, com níveis de inflação não vistos em décadas.

Em 2021, o Facebook fez uma campanha publicitária tentando convencer jovens a ver com bons olhos a “modificação de conteúdo”. “Não funcionou; a maioria das pessoas não está disposta a abraçar a censura”, comentou Turley.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]