O secretário de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, pediu nesta terça-feira para que os cidadãos de Cuba e Haiti, países que enfrentam crises políticas, não arrisquem suas vidas tentando entrar no território americano de forma irregular pelo mar, e advertiu que a entrada não será permitida.
"Nenhum imigrante interceptado no mar, independentemente da nacionalidade, será autorizado a entrar nos EUA", disse em entrevista coletiva Mayorkas, que nasceu em Cuba e é o primeiro imigrante a comandar o Departamento de Segurança Nacional americano.
Segundo o secretário, os migrantes que tentam entrar nos EUA "de forma irregular" continuarão sendo interceptados e as operações no estreito da Flórida e no mar do Caribe "permanecem sem mudanças".
"Nunca é o momento adequado de tentar a migração pelo mar. Não vale a pena correr este risco", declarou Mayorkas, ao enfatizar que o governo está "acompanhando de perto" as situações em Cuba e Haiti.
Nesse contexto, ratificou o compromisso do governo do presidente Joe Biden de apoiar o Haiti em busca de justiça após o assassinato do mandatário Jovenel Moïse e confirmou o envio de três funcionários de seu departamento como parte de uma delegação americana.
"Também nos solidarizamos com o povo cubano", acrescentou. Entretanto, observou que a Guarda Costeira e os seus parceiros estaduais, locais e federais estão "monitorizando qualquer atividade que possa indicar um aumento da migração marítima insegura e irregular no Estreito da Florida, incluindo partidas não autorizadas de navios da Flórida para Cuba".
Congressistas pedem para Biden não negociar com Cuba
Congressistas americanos e líderes do exílio cubano pediram nesta terça-feira para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, faça o necessário para restabelecer a internet ao povo cubano que protesta nas ruas pedindo liberdade e não negocie com o regime de Miguel Díaz-Canel.
Essas solicitações foram feitas em reunião no Museu da Diáspora Cubana em Miami que contou com a presença do governador da Flórida, Ron DeSantis, e da vice-governadora, Jeanette Nuñez.
A congressista María Elvira Salazar disse que republicanos e democratas devem se unir e falar com "uma só voz" para ajudar o povo cubano a se libertar. Já a líder do exílio Silvia Iriondo insistiu para que Biden dê passos concretos em apoio aos cubanos o quanto antes.
Estiveram na reunião os principais líderes do exílio e, além de Salazar, o congressista Carlos Giménez, ambos republicanos, assim como congressistas estaduais do mesmo partido.
Um dos grandes assuntos da reunião foi o corte da internet feito pela ditadura cubana após o crescimento dos protestos no domingo passado e como resolver a situação para que os manifestantes possam se manter informados e conectados.
Vários dos participantes da reunião disseram que as redes sociais foram "o início do fim" de muitas ditaduras e pediram para que o governo dos EUA faça todo o possível para restabelecer o acesso dos cubanos à rede.
Manter as sanções, restringir o acesso às fontes de financiamento do regime cubano e não negociar com as autoridades de Cuba foram outras propostas discutidas.
O governador DeSantis disse que Cuba é origem da imensa maioria dos problemas do Ocidente e que a existência de um regime ditatorial e comunista é "devastadora para milhões de pessoas" e prejudicial para a segurança dos EUA.
Jeanette Núñez argumentou que o povo cubano está "desesperado para ter liberdade" e afirmou que esta é a mensagem dos protestos, mais do que a Covid-19 e a escassez de comida, vacinas e medicamentos, com o que todos os oradores concordaram. DeSantis acrescentou que quando "o medo desaparece, não há volta atrás".
O advogado Marcell Felipe, da fundação Inspire America, pediu para que os militares cubanos fiquem do lado dos manifestantes para serem "os heróis de uma nova república", em vez de continuarem sendo "capangas".
EUA exigem que Cuba respeite a voz do povo
Também nesta terça-feira, o governo dos Estados Unidos declarou que Cuba precisa respeitar a voz do povo local e exigiu a libertação de pessoas detidas nas manifestações e a reativação da internet e de outros meios de comunicação.
A exigência foi manifestada em entrevista coletiva pelo porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, que criticou a decisão de Havana de provocar apagões na internet e interferir no trabalho de jornalistas.
"Pedimos para os líderes cubanos mostrarem contenção e os convocamos a respeitar a voz do povo, abrindo todos os meios de comunicação", declarou Price.
O funcionário do governo americano negou as repetidas acusações do ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, de que os EUA estão por trás das manifestações e de que o embargo imposto pelo país à ilha há 60 anos é o grande culpado pela crise econômica, sanitária e social em território cubano.
"As necessidades do povo cubano são intensas", frisou o porta-voz, que, no entanto, responsabilizou "a corrupção, a má administração e talvez indiferença do próprio governo" pelos problemas, isentando qualquer atitude de Washington. Price ainda exigiu a libertação de qualquer pessoa detida durante manifestações, que segundo ele foram pacíficas.
A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta terça-feira que há mais de 150 detentos nos protestos em Cuba e exigiu o fim das violações dos direitos humanos na ilha.
Milhares de cubanos saíram às ruas no domingo para protestar contra o regime gritando "liberdade!", em um dia sem precedentes, que terminou com dezenas de prisões e confrontos depois que Díaz-Canel convocou os seus apoiadores a irem às ruas e confrontarem os manifestantes.
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