Os Estados Unidos apresentarão nos próximos dias, provavelmente nesta sexta-feira (22), uma resolução na qual, pela primeira vez, pedirão especificamente "um cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza, depois de terem se oposto a três resoluções de outros países que assim pediam esta posição.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, foi quem anunciou, há algumas horas, no Cairo, capital do Egito, que a resolução havia sido submetida ao Conselho, mas não há certeza de que ela será votada amanhã.
Blinken deixou claro que o cessar-fogo estaria "vinculado à libertação dos reféns" mantidos pelos terroristas do Hamas em Gaza, embora essa libertação "não seja mais uma pré-condição", como constava nas primeiras versões do texto que circularam pelos diplomatas americanos.
EUA precisaram apresentar seis versões do texto
Os EUA precisaram apresentar seis versões diferentes ao longo de mais de um mês para chegar ao que parece ser um "texto de consenso", mas ainda não se sabe se ele terá o apoio de nove países e se não será vetado por nenhum membro permanente (nesse caso, Rússia ou China), duas condições necessárias para a aprovação de qualquer resolução.
O parágrafo principal da resolução de Washington diz que é "imperativo um cessar-fogo imediato e sustentado para proteger os civis de ambos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial, aliviar o sofrimento humano e apoiar os esforços diplomáticos para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns".
A divulgação na última segunda-feira (18) de um relatório da ONU falando que 1,1 milhão de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam "os níveis mais graves de fome e insegurança alimentar" parece ter "acelerado" os esforços diplomáticos dos EUA.
O embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière, veio a público na segunda-feira para pedir uma "ação urgente" do Conselho para acabar com a guerra "agora, não na próxima semana", disse.
Uma questão de vocabulário
Nas resoluções anteriores vetadas pelos EUA, a diplomacia americana criticou vários detalhes: que não incluíam o direito de Israel de se defender, que não condenavam o Hamas como um grupo terrorista e que, se fosse declarado um cessar-fogo, isso permitiria que o Hamas se rearmasse.
Portanto, nessa resolução que Washington está propondo agora, essas mesmas ideias aparecem de alguma forma, mas em um tom "mais suave", a fim de conquistar o apoio de Estados-membros como Rússia, China e Argélia, que criticaram duramente antes a atitude dos EUA de apoio inabalável a Israel.
A nova resolução faz referências precisas à proteção de civis, ao acesso à ajuda humanitária, à oposição à alteração do mapa de Gaza com corredores de segurança e à rejeição do "deslocamento forçado" de civis, argumentos que podem obter o apoio unânime de todos os países.
Entretanto, também contém uma linguagem "mais difícil" de ser consensual, como o apelo para que os Estados-Membros "intensifiquem seus esforços para suprimir o financiamento do terrorismo, incluindo restrições ao financiamento do Hamas".
De qualquer forma, os pedidos de cessar-fogo vieram de todas as agências da ONU, de países muçulmanos, africanos e asiáticos, e agora também da maior parte do mundo ocidental, incluindo países que nas primeiras semanas da guerra tinham uma atitude mais pró-israelense, como França e Reino Unido.
Delegação de Israel viajará ao Catar amanhã
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que uma delegação israelense chefiada pelo chefe do Mossad, David Barnea, chegará ao Catar nesta sexta-feira para continuar pelo quinto dia as negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza e o retorno de 134 prisioneiros do grupo terrorista Hamas.
"A reunião de altos funcionários será realizada no âmbito das negociações de Doha e tem como objetivo avançar os esforços para devolver os sequestrados", disse um comunicado do governo.
No Catar, Barnea se reunirá com o chefe da CIA, William Burns, com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e com o ministro da Inteligência do Egito, Abbas Kamal.
Com esta mesma finalidade, também chegará a Israel na sexta-feira, procedente do Cairo, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Em Tel Aviv, Blinken também discutirá com os líderes do governo israelense "a necessidade de garantir a derrota do Hamas, inclusive em Rafah, de uma forma que proteja os civis", assim como "os esforços dos EUA e internacionais para aumentar drasticamente e sustentar a entrega de ajuda humanitária aos civis", declarou um comunicado do Departamento de Estado.
As negociações de trégua, paralisadas há mais de um mês, foram retomadas indiretamente entre as partes há uma semana, quando os terroristas do Hamas fizeram uma contraoferta a Israel, que a descreveu como "pouco realista", na qual o grupo terrorista palestino continuou a exigir, em três fases, um cessar-fogo permanente e a saída das tropas israelenses da Faixa.
Osama Hamda, membro do escritório político do Hamas, disse na quarta-feira (20) que a resposta de Israel à sua última proposta "em geral (foi) negativa", de acordo com a previsão da imprensa israelense de pelo menos duas semanas de conversas e do Catar, que disse que ainda é "cedo" para falar de qualquer avanço.
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