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A Coréia do Norte denunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão preparando um ataque preventivo para derrubar seu regime e ignorou o compromisso de Washington de descartar a via militar para punir Pyongyang por seu teste nuclear de segunda-feira.

A Coréia do Norte também ameaçou o Japão com "fortes medidas de resposta" caso Tóquio decida prosseguir com o plano de endurecer as sanções contra seu anunciado teste nuclear.

— Nós tomaremos fortes medidas de resposta — disse Song Il-ho, embaixador da Coréia do Norte a cargo das conversações com o Japão, de acordo com a agência de notícias Kyodo.

— Os conteúdos específicos ficarão claros se continuarem nos observando — acrescentou.

Ataque

Em mensagem da cúpula política norte-coreana, a "Agência Central de Notícias da Coréia do Norte" manifestou que os EUA estão mobilizando novos militares no sul da península com o objetivo de acabar com o regime de Kim Jong-il.

Pyongyang acusou os EUA de estabelecerem, sob o Comando do Pacífico, uma base do comando de combate de suas Forças Aéreas para se consolidarem na península coreana - onde já têm mais de 30 mil soldados -, além de vender mísseis Patriot à Coréia do Sul.

Segundo a mensagem, publicada no jornal "Rodong Sinmun", porta-voz do regime, tratam-se de "movimentos perigosíssimos" dos EUA para realizar "um ataque preventivo" contra o regime norte-coreano, "que provocarão uma segunda Guerra da Coréia".

Um armistício entre as duas Coréias, que em nenhum momento foi substituído por um tratado de paz permanente, continua em vigor desde 1953, quando acabou o conflito iniciado em 1950.

Assim, a cúpula norte-coreana ignorava as palavras do presidente dos EUA, George W. Bush, quem ontem falou em "duras sanções" contra a Coréia do Norte, mas ao mesmo tempo descartou a possibilidade de recorrer à via militar para resolver a crise.

Enquanto Pyongyang lançava esta ofensiva verbal contra os EUA, um dos porta-vozes do regime comunista concentrava os ataques sobre o Japão, o primeiro país que decidiu passar das palavras à ação para impor suas próprias sanções à Coréia do Norte.

Em declarações à agência de notícias japonesa "Kyodo", o embaixador norte-coreano encarregado das relações com o Japão, Song Il-ho, disse que o Governo da Coréia do Norte responderá com contundência as sanções impostas ontem por Tóquio.

— Empreenderemos fortes contramedidas e seu caráter específico ficará claro se vocês continuarem atentos. Nós não dizemos as coisas em vão — afirmou Song.

Entre as novas sanções econômicas impostas ao regime comunista norte-coreano estão o embargo às importações procedentes do país e a proibição da entrada de cidadãos norte-coreanos no Japão.

Além disso, os navios norte-coreanos ficam proibidos de atracarem em portos japoneses.

Estas medidas se unem a outras sanções financeiras aprovadas em julho pela Administração japonesa contra assinaturas norte-coreanas em resposta ao teste de sete mísseis balísticos que a Coréia do Norte realizou no Mar do Japão no último dia 5.

Embora a comunidade internacional esteja considerando impor mais sanções à Coréia do Norte por meio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Song disse que as medidas adotadas pelo Japão "são mais graves por sua natureza", já que Tóquio ainda deve responder pela colonização da península coreana entre 1910 e 1945.

— Tomaremos essas contramedidas levando isto em conta — assegurou Song.

Enquanto os duelos verbais se sucedem e a diplomacia em Nova York age para aplicar um castigo ao regime norte-coreano, o alerta continua nos países vizinhos à Coréia do Norte, especialmente na Coréia do Sul e no Japão, diante da possibilidade de Pyongyang realizar um novo teste nuclear.

Assim, o ministro da Defesa sul-coreano, Yoon Kwang-ung, ordenou hoje que as Forças Armadas de seu país se mantenham em alerta e estejam dispostas a resistir a qualquer movimento militar da Coréia do Norte.

A preocupação não é para menos, já que nesta quinta-feira se sucederam as vozes de alarme diante da possibilidade de outro iminente teste nuclear norte-coreano.

Segundo o jornal de Seul "Munhwa Ilbo", que citou fontes oficiais, "há uma grande possibilidade de a Coréia do Norte realizar outros testes nucleares dentro de dois ou três dias", opinião compartilhada pelo acadêmico pró-Coréia do Norte residente no Japão Kim Myong-chol, em uma entrevista à Rádio "MBC" da Coréia do Sul.

— O (primeiro) teste nuclear era um pequeno dispositivo. Posso assegurar que há outros preparados e muito mais potentes. Inclusive, podemos testar uma bomba de hidrogênio — assegurou Kim, considerado um dos porta-vozes "não oficiais" da Coréia do Norte.

Leia mais: O Globo Online

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