Washington Os Estados Unidos proibiram ontem a venda de armas e material militar à Venezuela, ao considerar que o país não coopera na luta contra o terrorismo. O presidente Hugo Chávez chamou a atitude de "imperialista". Nos cinco primeiros anos do governo Chávez (iniciado em 1999), os venezuelanos gastaram US$ 78,3 milhões com a compra de armas leves, munições e componentes de indústrias norte-americanas.
O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que está convencido de que o governo venezuelano "ganhou honestamente seu lugar entre os países que não cooperam na luta antiterrorista". Ele denunciou as relações da Venezuela com países como Irã e Cuba, "que apóiam o terrorismo e compartilham informações de inteligência".
Essa é a atitude mais drástica dos Estados Unidos contra a Venezuela, depois de anos de críticas duras dos dois lados. Ambos os países têm um importante comércio. A Venezuela é o quarto maior fornecedor de petróleo dos Estados Unidos cerca de 80% do petróleo venezuelano é vendido para os norte-americanos.
De Londres, Chávez reagiu e considerou a decisão dos Estados Unidos como "uma manifestação da política do império contra países pequenos da Terra". Mas se apressou a dizer que não suspenderia as exportações de petróleo aos Estados Unidos. "Eu tenho consciência da minha responsabilidade", afirmou o presidente venezuelano.
"Suspender o fornecimento seria uma loucura, elevaria o preço do barril de petróleo a US$ 100."
Em janeiro, os Estados Unidos impediram que Brasil e Espanha vendessem à Venezuela armas e material militar que dependem de tecnologia americana. Washington negou ao governo espanhol a licença para vender 12 aviões militares com componentes norte-americanos à Venezuela. A explicação foi que o governo Chávez "contribuía para a instabilidade regional".
Ao mesmo tempo, alertaram ao Brasil sobre o problema de vender 36 aviões da Embraer, que também precisam da tecnologia norte-americana. Mas não conseguiram impedir a venda de 100 mil fuzis Kalashnikov russos.
Nos últimos meses, as críticas norte-americanas vinham diminuindo. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, fracassou ao pedir aos países latino-americanas que ajudassem a criar uma frente anti-Chávez. Rice havia dito que a Venezuela era "o maior problema da região". Não foi ouvida.
A Venezuela teria se tornado intermediário de armas. Na Bolívia, o candidato à Assembléia Constituinte Jesús Marcos López pediu explicações ao governo sobre a suposta compra de 30 mil armas de Caracas, supostamente adquiridas para uma organização paramilitar.
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