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A diretora da Agência de Proteção Ambiental (APA) dos Estados Unidos, Lisa Jackson, afirmou nesta quarta-feira em Copenhague que seu país adotará medidas de "bom senso" para conter as emissões de gás carbônico e proteger a saúde dos cidadãos americanos. "Não é hora de fazer entre isso ou aquilo, mas sim isso e aquilo", disse ela.

A declaração vem à tona no terceiro dia da conferência climática patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na capital dinamarquesa.

Lisa Jackson comentou que seu recém-anunciado poder de regular as emissões de gases causadores do efeito estufa será usado de maneira complementar a um projeto de lei em tramitação no Congresso dos EUA, e não para substituí-lo.

Na segunda-feira, a APA declarou que as emissões de gás carbônico representam um risco à saúde e ao bem-estar da população e estarão sujeitas a regulamentações federais.

No decorrer desta quarta-feira, negociadores tentavam aproximar as posições entre os 192 países participantes e reduzir o crescente racha entre ricos e pobres no terceiro dia de conferência.

As nações em desenvolvimento que já enfrentam os efeitos das mudanças climáticas exigem que os países ricos arquem com mais custos no combate ao aquecimento global em um momento no qual o vazamento de um documento dinamarquês e novas evidências de que o planeta está mais quente elevam a temperatura na conferência climática patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague.

As nações insulares, os países pobres e aqueles em busca de financiamento para preservar suas florestas tropicais estão entre os descontentes com rascunhos atribuídos à Dinamarca e à China com propostas para a histórica cúpula que encerrará a conferência, no dia 18.

Alguns países mais pobres temem que o peso dos custos de combate aos gases causadores do efeito estufa recaia sobre seus ombros. Eles pleiteiam bilhões de dólares em ajuda para fazer frente ao aquecimento global, que vem derretendo geleiras, elevando o nível dos oceanos, tornando algumas regiões mais secas e afetando a produção de alimentos.

Diplomatas dos países em desenvolvimento e ambientalistas alegam que uma proposta atribuída à Dinamarca esvazia as negociações.

O sudanês Lumumba Di-Aping, líder do bloco de 135 países em desenvolvimento, observou que uma promessa de US$ 10 bilhões em ajuda por parte de Estados Unidos, União Europeia (UE), Japão e outras nações desenvolvidas é minúscula se comparada ao US$ 1 trilhão gasto para resgatar instituições financeiras durante a mais recente crise internacional.

"Se este é o maior risco enfrentado pela humanidade, então como explicar esses US$ 10 bilhões - a não ser que se trate de se tentar induzir alguns países a aceitarem a proposta ocidental?", questionou. "Dez bilhões não são suficientes nem pra comprar caixões suficientes para os cidadãos dos países em desenvolvimento."

Pela proposta dinamarquesa, os países ricos estariam livres para reduzir menos suas emissões de poluentes e as nações mais pobres teriam de respeitar limites mais rigorosos e atender a uma série de condições para receber ajuda para se adaptar.

"Trata-se de satisfazer aos países ricos e poderosos ao invés de atender a uma maioria de Estados que exige uma solução justa e ambiciosa", avaliou Kim Castensen, do grupo ambientalista WWF.

Um rascunho de contraproposta atribuído à China ampliaria a extensão do Protocolo de Kyoto, que exige de 37 nações industrializadas uma redução nas emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa em uma média de 5% até 2012, com base em dados de 1990.

O texto chinês incorporaria novas e mais ousadas metas aos países industrializados por mais cinco a oito anos. Ao mesmo tempo, os países em desenvolvimento, entre os quais a China, adeririam a um acordo separado por meio do qual teriam de adotar ações para controlar as emissões, mas não com a mesma força de lei. Também não seriam especificadas metas para as nações em desenvolvimento, segundo a sugestão chinesa.

Rascunhos de propostas como os vazados nesta quarta-feira são comuns em negociações extensas e difíceis como a que ocorre atualmente em Copenhague. Até o momento, porém, nenhuma das propostas foi registrada como documento oficial da conferência climática.

Na terça-feira, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) advertiu que a atual década é muito provavelmente a mais quente de que se tem registro e que 2009 terminará como um dos anos mais quentes da história.

Proposta de Tuvalu é rejeitada

A pequena ilha de Tuvalu, no Pacífico, foi rebatida na conferência climática após ter exigido uma forte ação para conter o aquecimento global A ilha propôs uma emenda ao tratado climático das Nações Unidas para exigir que as nações mundiais mantenham o aumento nas temperaturas a 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais.

Mas a presidente da conferência, Connie Hedegaard, rejeitou avançar com a proposta, após objeções de outras nações. Países produtores de petróleo, e outros, seriam prejudicados pelos limites estritos exigidos sobre a queima de combustíveis fósseis

A ilha de Tuvalu e outras nações oceânicas serão as primeiras vítimas do aumento do nível do mar, uma vez que as temperaturas mais elevadas fazem os oceanos se expandirem e provocam derretimento das geleiras.

O delegado de Tuvalu Ian Fry disse que o futuro da nação "está no resultado deste encontro".

Exigência de Bangladesh

Bangladesh vai exigir 15% dos recursos do fundo de adaptação climática que deve ser anunciado na conferência de Copenhague sobre mudanças climáticas, divulgou a mídia de Bangladesh na terça-feira, citando o Ministro de Proteção ao Ambiente e Florestas, Hasan Mahmud, em entrevista coletiva.

Como Bangladesh é o país mais afetado por mudanças climáticas e 15% das vítimas das alterações climáticas no mundo vivem no país, a nação tem direito a 15% do fundo, disse o ministro.

Uma reportagem publicada na terça-feira em Copenhague pela organização de desenvolvimento e clima Germanwatch destacou Bangladesh, Mianmar e Honduras como os países mais severamente afetados pelos eventos climáticos extremos de 1990 a 2008.

Mahmud disse que Bangladesh também vai exigir um fundo anual para países menos desenvolvidos mais afetados pelas mudanças climáticas que compreenda 1,5% do Produto Interno Bruto das nações desenvolvidas, totalizando cerca de US$ 600 bilhões, afirmou a Germanwatch.

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