Nova Iorque Os Estados Unidos apresentaram ontem ao Conselho de Segurança (CS) da Organização das nações Unidas (ONU) uma proposta mais branda de sanções à Coréia do Norte, mas não o suficiente para conseguir o apoio da China e da Rússia, que pediram mais tempo para a diplomacia e mantiveram sua oposição a qualquer texto que deixe aberta a possibilidade de ação militar contra o país do ditador Kim Jong-Il.
Pressionando por uma votação ainda esta semana, os EUA retiraram do esboço anterior uma emenda japonesa que proibia todos os países da ONU de permitir a chegada ou partida de navios e aviões norte-coreanos. Retiraram também a exigência de congelamento de bens norte-coreanos suspeitos de ter origem no tráfico de dólares e na falsificação de dólares. Mas mantiveram a exigência de inspeção da carga de todos os navios e aviões que cheguem ou partam da Coréia do Norte - para verificar se não há materiais de uso militar - e continuaram baseando o projeto de resolução no Capítulo 7 da Carta da ONU, que abre a possibilidade de ação militar no caso de violação das sanções.
Ameaça política
Por sua vez, a Coréia do Norte acusou o governo dos EUA de estar preparando um ataque preventivo, para derrubar seu regime, por causa de seu teste atômico da última segunda-feira. O regime norte-coreano também fez uma avalanche de ameaças contra o maior aliado americano no leste asiático, o Japão.
Em mensagem da cúpula política norte-coreana, a Agência Central de Notícias da Coréia do Norte acusou Washington de estar mobilizando novos militares no sul da península com o objetivo de acabar com o regime de Kim Jong-il.
Pyongyang disse que os EUA estabelecem, sob o Comando do Pacífico, uma base do comando de combate de suas Forças Aéreas para se consolidarem na península coreana - onde já têm mais de 30 mil soldados -, além de vender mísseis Patriot à Coréia do Sul.
As supostas ameaças dos EUA foram classificadas pela Coréia do Norte como "movimentos perigosíssimos para realizar um ataque preventivo contra o regime", e provocarão uma 2ª Guerra da Coréia". Um armistício entre as duas Coréias, que nunca foi substituído por um tratado de paz, segue em vigor desde 1953, quando acabou o conflito iniciado em 1950.
Pyongyang também ameaçou o Japão, primeiro país que decidiu passar das palavras à ação para impor suas próprias sanções à Coréia do Norte. O embaixador norte-coreano encarregado das relações com o Japão, Song Il-ho, disse que o governo da Coréia do Norte responderá com contundência às sanções impostas por Tóquio.
Barrados no Japão
Entre as sanções econômicas impostas ao regime comunista norte-coreano estão o embargo às importações procedentes do país e a proibição da entrada de cidadãos norte-coreanos no Japão. Além disso, os navios norte-coreanos ficam proibidos de atracarem em portos japoneses.
O jornal sul-coreano Munhwa Ilbo revelou que a Coréia do Norte poderá realizar um novo teste nuclear dentro de três dias. Usando fontes oficiais especializadas no tema, o jornal afirmou haver, nos últimos dias, uma atividade incomum das forças armadas norte-coreanas.