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Relatório

EUA querem ação contra a Síria por assassinato no Líbano

O presidente dos EUA, George W. Bush, pediu nesta sexta-feira que a ONU se reúna em breve e discuta uma resposta às acusações contidas num relatório da organização sobre o envolvimento de autoridades sírias no assassinato do ex-premier do Líbano Rafik al-Hariri.

Hariri e outras 20 pessoas foram mortas em 14 de fevereiro em um atentado a bomba ocorrido em Beirute. Segundo investigadores da ONU, a ação "não poderia ter sido realizada sem a aprovação de autoridades sírias de alta patente da área de segurança" em conluio com autoridades no Líbano.

- O relatório é profundamente perturbador - disse Bush, acrescentando que havia pedido à secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, que requisitasse junto à ONU a "realização de uma sessão o mais rápido possível" para discutir os resultados preliminares da investigação.

Por sua vez, Condoleezza pediu que o responsável pela morte de Hariri seja responsabilizado.

- Será muito importante para a comunidade internacional encontrar o responsável - disse Rice a repórteres ao deixar junto o ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jack Straw, para um passeio por Alabama. - Não podemos ter o espectro de um estado participando ou tendo envolvimento com a morte de um ex-primeiro-ministro em outro estado.

Straw, disse que o Conselho de Segurança da ONU avaliaria a possibilidade de impor sanções à Síria.

O órgão já tinha uma reunião marcada para terça-feira. O conselho pode pedir que o país árabe coopere com as investigações da ONU, comandadas pelo promotor alemão Detlev Mehlis. Na noite de quinta-feira, a equipe de Mehlis divulgou um relatório com 53 páginas. Mas não estava claro se havia planos de uma reunião mais ampla, envolvendo pessoal mais graduado.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, prorrogou as investigações por mais três meses, o que sugere que nenhuma medida mais drástica deve ser tomada antes da conclusão dos trabalhos, em 15 de dezembro.

O embaixador dos EUA junto à ONU, John Bolton, disse que o mais importante agora é fazer com que a Síria coopere nas investigações.

O relatório afirmou que o ministro sírio do Exterior, Farouq al-Shara, e seu vice deram informação falsa aos investigadores da ONU.

Perguntado sobre a possibilidade de impor sanções à Síria, Bolton disse que seu governo está avaliando várias opções. Outros diplomatas do Conselho de Segurança afirmaram que as sanções podem ser seletivas e que não incluiriam um embargo comercial amplo.

O governo Bush vem se desentendendo com a Síria há bastante tempo, acusando-o de não adotar medidas enérgicas para impedir a entrada de combatentes estrangeiros no vizinho Iraque.

A Síria responde acusando os EUA de não terem se esforçado o suficiente para garantir a segurança da fronteira.

Autoridades sírias em Damasco, em Washington e na ONU criticaram o relatório e disseram que as acusações eram falsas. O embaixador sírio nos EUA, Imad Moustapha, disse que o relatório de Mehlis "está cheio de rumores políticos, fofocas e ouvir dizer e não apresenta nem sombra de prova que seria aceita em qualquer tribunal de justiça".

Na ONU, a credibilidade do documento foi questionada depois de uma versão final ter omitido o nome de um irmão e de um cunhado do presidente da Síria, Bashar al-Assad. Mehlis afirmou ter apagado os nomes ao saber que o relatório seria divulgado ao meios de comunicação. Os nomes haviam sido citados por apenas uma testemunha e os investigadores, segundo Mehlis, desejavam garantir a presunção de inocência.

Segundo uma testemunha citada no relatório, o general Asef Shawkat, cunhado do presidente e chefe da inteligência militar síria, armou um esquema para que um militante islâmico, Ahmed Abu Adass, assumisse falsamente a autoria do plano para assassinar Hariri. Shawkat teria obrigado Adass a fazer a confissão, gravada em vídeo duas semanas antes do assassinato. Segundo a testemunha, quem realmente realizou o ataque suicida contra Hariri provavelmente foi um iraquiano que pensava estar matando o primeiro-ministro de seu país, Iyad Allawi, que esteve no Líbano pouco antes, diz o relatório.

O nome de Shawkat foi retirado do começo do relatório, mas é citado mais de uma vez depois, como envolvido na conspiração. O nome de Maher Assad, irmão do presidente e que também foi apagado do início do documento, não é citado nenhuma outra vez.

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