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Os Estados Unidos disseram na sexta-feira que a permanência de Robert Mugabe no poder no Zimbábue já deveria ter acabado há muito tempo, e que a comunidade internacional precisa agir com urgência diante da crise alimentar e da epidemia de cólera no país africano.

Harare decretou emergência nacional e pediu ajuda externa contra a doença, que já contaminou pelo menos 12,7 mil pessoas, matando 575, segundo a ONU.

"Já passa muito da hora de Robert Mugabe ir embora", disse a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, em Copenhague.

O arcebispo sul-africano e Nobel da Paz Desmond Tutu disse na quinta-feira que Mugabe deveria renunciar ou ser deposto, e que se insistir em permanecer deveria ser indiciado por crimes de guerra no tribunal de Haia.

Rice disse que as lentas negociações para a formação de uma coalizão, a eleição marcada por suspeitas de fraude neste ano, o colapso econômico e o drama humanitário agravado pelo cólera são motivos para uma ação urgente.

"Se isso não prova à comunidade internacional que é hora de se erguer pelo que seja correto, então não sei o que prova", disse ela em entrevista coletiva. "Francamente, as nações da região têm de lidar com isso."

O regime autoritário de Mugabe, no poder desde a independência (1980), está sob sanções ocidentais, criando uma situação que dificulta ainda mais o combate ao surto de cólera, uma doença que em outras condições seria facilmente evitável ou tratável.

O país tem a maior inflação mundial da atualidade - oficialmente, 231 milhões por cento ao ano, cifra que pode ser ainda maior, já que os preços costumam dobrar a cada 24 horas. É difícil obter alimentos básicos, e o dólar local não vale praticamente nada - já há uma cédula de 50 milhões de dólares.

A epidemia de cólera encontra um terreno propício devido a problemas no sistema de água e esgoto, o que obriga os moradores a consumirem água de riachos e poços contaminados.

Acredita-se que a cada dia milhares de zimbabuanos emigrem para a África do Sul, muitos deles ilegalmente. A cidade sul-africana de Musina, na fronteira, montou um centro para atender aos pacientes com cólera.

Moçambique anunciou na sexta-feira estado de alerta máximo em todas as regiões de fronteira com o Zimbábue, para evitar que a epidemia se espalhe para a ex-colônia portuguesa.

Qualquer esforço contra a crise humanitária no Zimbábue se complica por causa do impasse entre Mugabe e o líder oposicionista Morgan Tsvangirai a respeito da formação da coalizão.

Apesar das restrições a Mugabe, o Ocidente está oferecendo ajuda. Ministros da União Européia decidiram fornecer uma verba inicial de 200 mil euros para a Cruz Vermelha e outras agências humanitárias.

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