O enviado especial do presidente Barack Obama para o Oriente Médio, George Mitchell, disse na sexta-feira a Israel e aos palestinos que os EUA querem um acordo de paz "logo, não em algum momento vago e distante do futuro".
Num movimentado primeiro dia de reuniões na sua atual missão - num momento de atritos dos EUA com o aliado Israel -, Mitchell salientou a ambos os partes a determinação de Obama por uma solução no conflito do Oriente Médio, cuja negociação está suspensa há 16 meses.
O governo Obama defende negociações "por proximidade" (indiretas) já nas próximas semanas. O presidente tem dito que a paz entre israelenses e palestinos é vital no combate dos EUA à militância islâmica em outros lugares.
Obama defende a criação do Estado palestino, mas Mitchell reafirmou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que os EUA continuam firmemente comprometidos com a segurança de Israel, que vê no programa nuclear iraniano uma ameaça à sua existência.
"A paz abrangente na região não deve ser só um sonho", disse Mitchell entre reuniões. "Deve e pode ser uma realidade. Queremos fazer essa realidade acontecer logo, não em algum momento vago e distante do futuro."
Mas funcionários de todas as partes alertaram que não haverá nenhum avanço importante tão cedo. Os palestinos mantêm sua exigência de que Israel paralise a ampliação de todos os assentamentos judaicos em territórios ocupados, inclusive em bairros incorporados ao município de Jerusalém. Israel insiste na construção dessas moradias, o que irrita o governo norte-americano.
Obama pediu ao governo de Israel que adote certas medidas para conquistar a confiança dos palestinos, e Mitchell está à espera da resposta de Netanyahu, com quem deve voltar a se reunir no domingo.
As recomendações de Obama foram transmitidas a Netanyahu num discreto encontro há um mês na Casa Branca. Para o premiê israelense, a dificuldade é acatar as orientações do poderoso aliado, mas sem destruir sua coalizão, na qual há grande militância em prol dos colonos judeus.
"Espero estar trabalhando consigo e com o presidente Obama para avançar a paz. Levamos isso a sério. Sabemos que vocês também levam a sério. Esperamos que os palestino respondam - temos de mover esse processo adiante", disse Netanyahu a Mitchell.
O norte-americano já visitou a região mais de uma dúzia de vezes no último ano, sem conseguir a retomada do processo de paz.