O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (25) um decreto em que reconhece oficialmente a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, território do norte da Síria capturado por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967 e anexado em 1981 – uma medida que não havia sido tomada por nenhum outro país.
Ao lado de Trump, na Casa Branca, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou a iniciativa de Trump por "tornar mais forte e maior do que nunca o elo entre os EUA e Israel".
O anúncio oficial acontece no mesmo dia em que um foguete foi lançado da Faixa de Gaza contra o território israelense, atingindo a casa de uma família nos arredores de Tel-Aviv. Sete pessoas ficaram machucadas, inclusive três crianças. Netanyahu vai voltar a Israel ainda nesta segunda para coordenar a resposta à agressão que, segundo as Forças de Defesa de Israel, foi cometida pelo grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza, o Hamas.
O Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou a medida do presidente Trump. "O reconhecimento de Trump é um ataque flagrante à soberania da Síria e à sua integridade territorial", afirmou o órgão.
Na semana passada, Trump já havia dito que os Estados Unidos deveriam reconhecer as Colinas de Golã como parte de Israel, provocando críticas de que estaria interferindo nas eleições israelenses, antes de os eleitores decidirem se irão reeleger o seu líder para um quinto mandato, em 9 de abril.
O decreto de Trump marca uma importante reversão simbólica da neutralidade oficial dos EUA sobre uma questão que é semelhante à ocupação israelense da Cisjordânia, que também foi conquistada durante a guerra de 1967 e é reivindicada pelos palestinos para um futuro Estado independente. Isso coloca os Estados Unidos em desacordo com a maioria dos aliados dos EUA e com a ONU, que declarou a anexação das Colinas de Golã uma ocupação ilegal sob a lei internacional.
Brasil a favor de Israel na ONU
Na sexta-feira (22), o Brasil se posicionou a favor de Israel durante a votação de duas resoluções do Conselho de Direitos Humanos da ONU que tratavam de territórios reivindicados pela Síria e pelo governo palestino. Neste tipo de votação envolvendo territórios disputados com palestinos ou as colinas de Golã, o representante brasileiro costumava ou se abster ou votar contra a posição israelense.
Um dos votos contrários do Brasil foi sobre uma resolução que tratava de violações de direitos humanos de cidadãos sírios que vivem nas colinas de Golã, região que os israelenses tomaram de Damasco e anexaram em 1967 em uma ação nunca reconhecida pela comunidade internacional.
O texto afirmava que a presença de militares israelenses na região leva a "sistemática e contínua violação dos direitos humanos fundamentais" dos sírios. O documento foi aprovado com 26 votos a favor, 16 contrários e cinco abstenções.