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Oslo – O ministro para Assuntos dos Refugiados do Governo do Hamas, Atef Aduán, alertou ontem os Estados Unidos para que não repitam na Palestina o mesmo erro cometido no Iraque. Durante uma conferência em Oslo organizada pelo movimento norueguês Aliança Vermelha Eleitoral, de origem comunista, ele acusou os EUA de cometerem o mesmo erro que no Iraque, quando disseram que o objetivo da guerra era punir o governo do país. "Os Estados Unidos estão deixando o povo palestino morrer de fome, ao negar a ajuda financeira de que este povo tanto necessita." O ministro do Hamas afirmou que a Palestina vive "um cerco, sem leite, comida, nem sequer papel para escrever".

Segundo o líder islâmico, os Estados Unidos estão punindo a Palestina por causa das eleições de janeiro, vencidas pelo Hamas. Aduán também disse que não se "pode conseguir a paz quando os juízes não puderem sentar-se à mesa de negociações".

O ministro se reuniu ontem com o chefe da seção do Oriente Médio do Ministério de Assuntos Exteriores, Kaare Eltervaag, que explicou que só continuará doando dinheiro à Palestina quando o Hamas cumprir as três exigências da comunidade internacional: a renúncia à violência, o reconhecimento de Israel e os acordos assinados anteriormente.

Embalados por esse clima, populares foram às ruas ontem em Hebron, na Cisjordânia, para protestar contra a profunda crise financeira em que se encontra a Autoridade Nacional Palestina depois que a União Européia e os Estados Unidos decidiram acabar com a ajuda humanitária ao governo do Hamas.

Tradicionalmente marcada pelo conflito com os israelenses, a vida dos palestinos é hoje dominada pela incerteza de não saber sequer em que liderança confiar. A divisão de poder entre o presidente Mahmoud Abbas, do Fatah, e o premier do Hamas, Ismail Haniyeh, que está à frente da Autoridade Nacional Palestina nesse último trimestre, provocou o corte da ajuda humanitária internacional, levou a calamidade a hospitais e órgãos administrativos e provocou violentos choques entre os dois grupos rivais, que têm programas políticos distintos.

Segundo analistas, nem o repasse da ajuda humanitária de US$ 10 milhões pelo Quarteto (EUA, Rússia, União Européia e ONU) e a assinatura de um cessar-fogo entre Hamas e Fatah para pôr fim aos confrontos que deixaram quatro mortos e dezenas de feridos em Gaza na última semana são garantia de estabilidade. Segundo o jornalista israelense Ohad Hemo, a tensão entre Hamas e Fatah deve crescer nas próximas semanas, pois apesar de liberado, o dinheiro será enviado através de uma conta especial administrada pelo presidente Abbas, numa nova manobra da comunidade internacional para minar o poder do premier do Hamas.

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