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A Rússia recebeu nesta quarta-feira (26) a resposta por escrito dos Estados Unidos às suas propostas de garantias de segurança para impedir a expansão da Otan, a aliança militar do Ocidente, e a instalação de armas ofensivas perto de suas fronteiras, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores russo em comunicado.
A resposta foi entregue ao vice-ministro russo Alexandr Grushkó pelo embaixador dos EUA na Rússia, John Sullivan. “Em 26 de janeiro, o vice-chanceler russo A. Grushkó recebeu o embaixador dos Estados Unidos em Moscou, John Sullivan, a pedido deste último”, afirmou a nota oficial.
Durante a reunião, que, segundo a imprensa russa, durou cerca de meia hora, o diplomata americano entregou a resposta escrita às propostas sobre segurança na Europa que a Rússia exigiu dos EUA no final do ano passado.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, declarou que as respostas entregues em Moscou “determinam um caminho diplomático sério, caso a Rússia escolha por isso”, segundo informações do Washington Post.
Blinken explicou que a resposta por escrito incluiu propostas para melhorar a “transparência recíproca” entre a Rússia e o Ocidente em relação à “postura de forças na Ucrânia” e exercícios militares na região, além de proposições que abordam a alocação de sistemas de mísseis na Europa e controle de armas, como “nosso interesse em um acordo subsequente ao novo tratado Start, que abrange todas as armas nucleares”.
A respeito das demandas russas sobre a Otan, Blinken disse que foram reiterados “os princípios de portas abertas” da aliança, ou seja, foi descartada a exigência de frear sua expansão.
A Rússia também aguarda agora a resposta da aliança naquela que é uma semana-chave para os esforços diplomáticos que visam impedir um ataque ou invasão russa na Ucrânia, em cuja fronteira acumula mais de 100 mil soldados.
Nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, havia dito que a Rússia esperava uma resposta “construtiva” dos EUA e da Otan às suas demandas.
“Se não houver uma resposta construtiva e o Ocidente continuar seu curso agressivo, tal e como disse o presidente (Vladimir Putin), tomaremos as respectivas medidas de resposta”, alertou Lavrov.
A Rússia havia dito anteriormente que tomaria medidas “técnico-militares necessárias” no caso de uma recusa ocidental em abordar a segurança na Europa com ênfase nas demandas russas.
As garantias de segurança exigidas pela Rússia incluem a contenção da expansão da aliança, em particular para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar com as ex-repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armas da Otan para as posições que ocupavam antes de 1997. A Rússia propôs especificamente um esboço de tratado aos EUA e um acordo à Otan.
Com relação aos EUA, Moscou propõe que Washington descarte o envio de armas nucleares fora das fronteiras de ambos os países e também o retorno aos seus silos de armas já implantadas antes da entrada em vigor do documento vinculante que propõe.
Ambos os lados também se comprometeriam com a destruição da infraestrutura existente para isso no exterior, além de deixar de realizar testes nucleares e treinar especialistas civis e militares de outros países. “Em uma guerra nuclear não pode haver vencedores”, disse Moscou em sua proposta.
A minuta do tratado se refere a vários acordos assinados entre 1971 e 1989 pela União Soviética e os Estados Unidos, embora o Kremlin negue que sua iniciativa represente “uma revisão dos resultados do fim da Guerra Fria”.
Grupo pede apoio brasileiro à Ucrânia
Em comunicado, o deputado ucraniano Sviatoslav Yurash, presidente do Grupo Interparlamentar de Amizade Ucrânia-Brasil, informou que articulações estão sendo feitas para que o Brasil também interceda pela solução da crise no país europeu.
No último fim de semana, descendentes de ucranianos no Brasil espalharam nas redes sociais as hashtags #STANDWITHUKRAINE e #STOPPUTINNOW, de campanha organizada pelo Congresso Mundial dos Ucranianos.
Além disso, segundo o comunicado, Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, convocou os brasileiros de ascendência ucraniana a enviarem pedidos a Kátia Abreu e Aécio Neves, presidentes das comissões de Relações Exteriores do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente, para que o Brasil apoie a Ucrânia durante a crise.
Yurash destacou ainda que o arcebispo da Metropolia Católica Ucraniana São João Batista, Dom Volodêmer Koubetch, fez um apelo para que as igrejas católicas do Brasil (do rito latino e dos ritos orientais) se unam em orações pela paz no leste europeu.