O encontro diplomático desta quinta-feira (17), que reuniu representantes de Rússia, Ucrânia, União Europeia e Estados Unidos, trouxe um acordo que garante anistia aos membros de grupos armados que concordarem em desocupar os prédios públicos no Leste da Ucrânia.
"Passos iniciais para amenizar as tensões e restabelecer a segurança a todos os cidadãos foram acertados no encontro de Genebra", afirmaram os líderes em comunicado conjunto, após mais de cinco horas de discussão.
"Todas as partes devem abdicar da violência e de ações provocativas", afirmou o comunicado. "Os participantes da reunião rejeitam e condenam todas as expressões de extremismo, racismo e intolerância religiosa, incluindo manifestações antissemitas".
O acordo ressalta também que o processo constitucional anunciado pelo governo interino ucraniano será "transparente" e com base em "um amplo diálogo nacional para incluir todas as regiões ucranianas e todas as instituições políticas".
Outro acordo alcançado no encontro envolve um pedido à Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) para que envie observadores ao Leste da Ucrânia com a missão de garantir o retorno da paz à região e assegurar a libertação dos detidos durante as manifestações e ocupações de prédios públicos, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"A Rússia não tem desejo algum de enviar tropas à Ucrânia", garantiu o ministro russo à imprensa. "Seria contrário aos nossos interesses fundamentais."
Os negociadores se encontraram no mesmo hotel em que Hillary Clinton, ex-secretária norte-americana de Estado, ofereceu um simbólico "botão de reinício" a Lavrov, sinalizando o recomeço das relações entre Estados Unidos e Rússia.
Desde o início da reunião, todas as partes se mostraram dispostas a evitar confrontações. A Rússia buscou desfazer impressões de que estaria evitando cooperar na busca de uma saída diplomática para a crise ucraniana.
Os representantes norte-americanos também buscaram dar à Ucrânia a chance de realizar suas eleições presidenciais no dia 25 de maio, sem maiores interferências por parte dos russos. Já a União Europeia preferiru evitar sanções muito ampla à Federação Russa.
No entanto, o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, ameaçou a Rússia com novas sanções caso novos avanços não surjam na busca de uma solução para a crise.
"Se não tivermos progresso, haverá sanções adicionais, custos adicionais", explicou Kerry aos jornalistas.
John Kerry disse também que o Ocidente "não vai abandonar" a Crimeia, mas que a situação da península não era o tema em Genebra.
"Não a abandonaremos, mas não estamos aqui [em Genebra] para falar da Crimeia", disse o secretário, referindo-se à península anexada pela Rússia há um mês.
A chefe da Política Externa da União Europeia, Catherine Ashton, afirmou que o bloco vai "manter seus esforços para apoiar a Ucrânia econômica, financeira e politicamente".
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