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Diplomacia

EUA se retiram do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, anuncia retirada dos Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas | ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP
Embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, anuncia retirada dos Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP)

Os Estados Unidos anunciaram a sua retirada do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, acusando-o de ter um viés crônico contra Israel e a disposição de permitir que países que abusam notoriamente dos direitos humanos sejam membros da entidade. 

“Olhem para os membros do conselho e verão uma terrível falta de respeito aos direitos mais básicos”, disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley. Ela exemplificou, citando o caso da admissão da República Democrática do Congo como membro, mesmo quando foram descobertas valas comuns no país, e a não discussão de abusos aos direitos humanos no Irã e na Venezuela. 

A diplomata afirma ter deixado claro há um ano que os EUA só permaneceriam no conselho se "reformas essenciais fossem alcançadas", e alega estar claro que essas exigências não foram atendidas. Segundo ela, governos com lamentáveis registros de violações de direitos humanos procuram um lugar no órgão para evitar a fiscalização. 

"Quando deixamos claro que seguiríamos com força a reforma do Conselho, esses países saíram da toca para se opor a ela", disse ela. "Rússia, China, Cuba e Egito tentaram minar nossos esforços de reforma no ano passado". 

Israel também perde o seu principal defensor no conselho, onde é duramente criticado. Desde 2006, o Conselho de Direitos Humanos aprovou mais de 70 resoluções negativas em relação a Israel, dez vezes mais do que as aprovadas contra o Irã. 

Defesas e críticas

Bret Schaefer, pesquisador da Heritage Foundation que analisa as ações das Nações Unidas, disse que a saída é uma resposta sob medida à entidade. “O governo Trump parece ser o único governo que quer que o Conselho de Direitos Humanos promova respeito universal e a proteção aos direitos humanos e liberdades fundamentais de maneira justa e equilibradas.” 

Mas há divergências. Alguns analistas questionam se a retirada dos Estados Unidos levará a reformas ou minará ainda mais a missão do conselho. “Ao retirar-se do órgão, os Estados Unidos perdem sua influência e permitem que os maus atores do conselho sigam seus piores impulsos sem controle”, disse Eliot Engel, deputado integrante do comitê que fiscaliza o Departamento de Estado. 

“A decisão de os Estados Unidos se retirar da organização é um triste reflexo de sua política unidimensional em relação aos direitos humanos: defender os abusos de Israel das críticas tem precedência sobre o restante”, disse Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch. Segundo ele, o conselho tem exercido um papel relevante em muitos países como Coreia do Norte, Síria, Myanmar e Sudão do Sul, mas tudo o que Trump parece se importar é defender Israel. 

A saída de Washington do conselho é a última rejeição americana a compromissos multilaterais. Representa mais um recuo do governo Trump em relação grupos e acordos que considera fora de sincronia com os interesses americanos em comércio, defesa, mudança climática e agora direitos humanos. 

A decisão também coincide com as fortes críticas da comunidade internacionais à política de separar pais e filhos que tentam imigrar ilegalmente para os Estados Unidos na fronteira com o México. O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, disse, na segunda, que as medidas americanas são inconcebíveis.

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