Sem dúvida nenhuma, a lei do Arizona é discriminatória e confirma as tristes suspeitas de que os EUA também seguiriam o caminho da Europa de criminalização da imigração.
O curioso é que a lei cria uma situação de vigilância social quando define como crime o transporte e a contratação de migrantes sem documento. A lei demonstra um claro processo de regressão nas conquistas de direitos humanos, à semelhança do que vem ocorrendo no continente europeu.
Aparentemente a lei do estado do Arizona é ainda mais rigorosa e específica na constituição da autoridade policial. Como bem se posicionou o governo brasileiro, em manifestação do Ministério de Relações Exteriores, trata-se da subversão de noções elementares de humanidade e justiça. Em alguns países da Europa, ainda que não esteja prevista expressamente em lei, a ronda em busca de irregulares é rotina diária, estimulada com políticas de cotas de detenção em departamentos de polícia.
Outras políticas se somam a essas práticas, como o estímulo para a delação de "redes de ilegalidade" por outros irregulares (circular Bresson na França), o estímulo ao disque-denúncia à imigração ilegal etc.
Qualquer policial tem o direito de solicitar documentos no metrô de Paris, de Madri, de Roma, nos bancos das praças, nas rondas pela periferia e nas escolas de idiomas direcionadas a trabalhadores que desejam aprender o idioma local. Nesse caso, a escola quase pode ser entendida como uma armadilha.
Soma-se a isso a busca pela identidade francesa, americana, a definição dos novos parâmetros de aceitabilidade que as sociedades ditas civilizadas perseguem. O exemplo mais importante é o francês, a busca da identidade francesa como um dos processos para se chegar aos critérios de seletividade futuros.
No caso dos Estados Unidos, e com a possibilidade de legislação distrital, as decisões parecem precisar de menos legitimidade. São infinitamente mais arbitrárias. A crise econômica contribui para a repressão aos irregulares, pois atua diretamente no silêncio e consentimento da população diante do quadro de desemprego e medo provocados pelas incertezas do futuro.
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