Os Estados Unidos têm indícios de que o regime da Síria esteja utilizando armas químicas e tenha realizado um ataque com cloro no último domingo (19), no noroeste do país, afirmou o Departamento de Estado nesta terça-feira (21).
"Infelizmente, continuamos a ver sinais de que o regime [do ditador Bashar al-] Assad possa estar retomando o uso de armas químicas, incluindo um suposto ataque com cloro no noroeste da Síria na manhã de 19 de maio", afirmou Morgan Ortagus, porta-voz da diplomacia americana.
"Ainda estamos coletando informações sobre esse incidente, mas repetimos nosso alerta de que, se o regime Assad usar armas químicas, os EUA, junto com nossos aliados, responderão rapidamente".
Antes do comunicado americano, o Ministério de Defesa da Rússia havia acusado os rebeldes sírios de planejar um falso ataque químico em Idlib para culpar o regime sírio.
"Os terroristas que operam na zona de Idlib têm uma quantidade significativa de substâncias tóxicas, com as quais os militantes equipam munição para desempenhar o chamado uso de armas químicas contra a população civil pelas tropas do governo", disse a declaração russa.
Ortagus rejeitou as alegações, dizendo que elas fazem parte de "uma contínua campanha de desinformação pelo regime de Assad e pela Rússia para criar a falsa narrativa de que outros são culpados por ataques com armas químicas que o próprio regime de Assad conduz".
Segundo Ortagus, o suposto ataque faz parte de uma campanha de Assad que viola um cessar-fogo que tem protegido milhares de civis na região de Idlib.
"Os ataques do regime contra as comunidades do noroeste da Síria têm de terminar", afirmou. "Os EUA reiteram seu alerta, feito primeiro pelo presidente [Donald] Trump em setembro de 2018, de que um ataque contra a zona de Idlib representaria uma escalada imprudente que pode desestabilizar a região".
O regime sírio e a Rússia aumentaram os bombardeios contra o sul da província de Idlib e o norte da região vizinha de Hama, dois territórios controlados por Hayat Tahrir al Sham, ex-braço sírio da al-Qaeda, e último bastião jihadista fora do controle do regime sírio. Os EUA sabem da presença de extremistas na região, mas temem as consequências humanitárias que resultarão dos ataques em larga escala do regime, devido a grande presença de civis.
A guerra civil
A guerra da Síria foi marcada por acusações mútuas de ataques com armas químicas.
O conflito se iniciou em 2011, na esteira da Primavera Árabe, quando parte da população se rebelou contra Assad. O ditador respondeu com violência a protestos que pediam reformas democráticas.
Em 2013, dois ataques com gás sarin deixaram centenas de mortos. Barack Obama, então presidente dos EUA, condenou o uso pelo regime de armas químicas contra civis.
Apesar de ameaças dos EUA e da ONU, outros ataques com armas químicas aconteceram entre 2015 e 2018. As tropas de Assad e os rebeldes acusam um ao outro de estar por trás deles.
Em abril de 2018, Trump fez duras declarações em reação a um ataque químico em Ghouta Oriental, no subúrbio de Damasco, então controlada por forças contrárias ao regime –42 pessoas morreram. Imagens de corpos de crianças, mulheres e homens, alguns deles com espuma na boca, foram compartilhadas nas redes sociais.
À época, ele prometeu retaliação ao episódio e lançou uma operação conjunta com as Forças Armadas da França e do Reino Unido contra supostas instalações do regime ligadas ao uso de armas químicas.
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