Na contramão das políticas do presidente Donald Trump, a quantidade de estrangeiros que vivem nos Estados Unidos aumentou e a taxa pobreza teve uma pequena queda em um ano. A parcela de estrangeiros que vive nos Estados Unidos chegou ao maior patamar desde 1910, segundo dados do Census Bureau, agência responsável pelo censo no país, divulgados nesta quinta (13).
Os imigrantes representam hoje 13,7% da população do país, ou 44,5 milhões de pessoas, acima dos 12,9% registrados no ano passado. É o maior índice desde 1910, quando perfaziam 14,7% das pessoas que viviam no país.
As informações estão em levantamento realizado pelo pesquisador William Frey, pesquisador da Brookings Institution, e vêm à tona em meio a seguidas medidas do presidente americano, Donald Trump, para conter o fluxo de imigrantes que chegam aos Estados Unidos.
Na quarta (12), o serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos (ICE) afirmou que as apreensões de famílias imigrantes na fronteira com o México cresceram 175,8% em agosto em relação ao mesmo mês de 2017, um patamar recorde para o mês, para 12.774.
O estudo de Frey para o Censo, contudo, mostra que a maior parcela dos que chegam aos EUA não vêm da América Latina, alvo maior das medidas de Trump, que quer erguer um muro na fronteira sul, e sim da Ásia. É desse continente que provêm 41% dos que chegaram aos EUA entre 2010 e 2017, enquanto 38,9% vieram da América Latina. Os dados indicam uma reversão da tendência registrada entre 2000 e 2009, quando os imigrantes latinos eram maioria: 55,1%, contra 28,8% de asiáticos.
Outro dado que contradiz o discurso do republicano é que os migrantes são pouco qualificados. O nível de escolaridade dos estrangeiros com 25 anos ou mais melhorou nos últimos sete anos: 44,9% dos s que chegaram no período tinham nível superior completo. Do início do milênio até 2009, eram apenas 30,2%.
Pobreza tem pequena retração
A pobreza teve uma pequena queda em relação a 2016. Há hoje 39,7 milhões de pessoas consideradas pobres nos EUA, ou 12,3% da população, enquanto um ano atrás eram 12,7%. Para o censo americano, são consideradas pobres aqueles cuja renda anual em 2017 ficou abaixo de US$ 25.094 (cerca de R$ 100 mil no câmbio atual) para famílias de quatro pessoas ou abaixo de US$ 12.488 (cerca de R$ 50 mil) anuais no caso de indivíduo que viva sem parentes.
O índice não atinge todos os grupos da mesma forma: enquanto a taxa de pobreza entre negros e hispânicos, apesar de ter reduzido nos últimos anos, fica acima dos 20% em ambos os casos, entre brancos não-hispânicos ela é de 9,8%.
Em julho, o Conselho de Consultores Econômicos de Trump declarara que a guerra contra a pobreza nos EUA estava, "em grande parte, terminada" argumentando que poucos americanos são verdadeiramente pobres e que a economia em expansão é o melhor caminho para resolver a questão.
Enquanto minimiza a questão, o republicano tem buscado solapar os programas de assistência social no país por meio da exigência de emprego para que americanos tenham acesso a benefícios como o Medicaid, programa de saúde para indivíduos de baixa renda, e a defesa de cortes em investimentos sociais.
Segundo especialistas, porém, os benefícios sociais no país têm sido responsáveis por evitar que o nível de pobreza aumente --relatório citado pelo New York Times aponta 27 milhões de americanos retirados da pobreza graças ao sistema de seguridade social. Outros 3,4 milhões o fizeram com assistência alimentar.
Já a renda familiar mediana anual cresceu 1,8% nos últimos 12 meses, segundo a agência: foi de US$ 60.309 (mais de R$ 255 mil) para US$ 61.372 em 2017. É o terceiro aumento anual consecutivo no número.
A economia americana cresceu a uma taxa anual de 4,1% no segundo trimestre de 2018, maior ritmo desde 2014. O desemprego está em 3,9%, e 1,7 milhão de trabalhadores tiveram aumento salarial em 2017.