Londres Apesar de proibir a tortura em seu território, o governo norte-americano levou prisioneiros para serem interrogados em países nos quais essa proibição não se aplica, denunciou ontem o grupo Anistia Internacional. "Os EUA terceirizam a tortura para países como o Marrocos, a Jordânia e a Síria", disse a secretária-geral da Anistia, Irene Khan, ao divulgar o relatório anual da entidade. "Há indícios da prática disseminada de tortura em centros de detenção norte-americanos", acrescentou.
A adoção de dois pesos e duas medidas pelos EUA e por países como a Grã-Bretanha minou sua própria "guerra contra o terrorismo" e fez aumentar os casos de violação dos direitos humanos em países como a Colômbia e a Coréia do Norte, disse o grupo. Segundo Khan, ao menos sete países europeus fecharam os olhos para ou aprovaram o uso de seu espaço aéreo na realização de vôos em que se transportaram prisioneiros para serem interrogados fora dos EUA.
Apesar dos protestos da comunidade internacional, a prisão norte-americana na baía de Guantánamo (Cuba) continua lotada com prisioneiros que não foram acusados formalmente e nem julgados. Os EUA admitem práticas como o "submarino", em que a cabeça do preso é imersa na água. Governos da Europa tentam contornar suas obrigações legais no que diz respeito aos direitos humanos.
O relatório aponta para o recrudescimento da violência sectária no Iraque bem como para os assassinatos e as práticas repressivas verificados na Chechênia (Rússia), no Afeganistão, no Irã e no Usbequistão. Para este ano, a Anistia pediu o fechamento de Guantánamo e uma ação coordenada contra o genocídio em Darfur, entre outras medidas.