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ESTRASBURGO, França - O senador suíço Dick Marty, que atua como investigador da União Européia para a área dos direitos humanos, afirmou nesta terça-feira ter encontrado indícios de que os Estados Unidos tenham "terceirizado" a tortura para outros países e que é provável que os governos europeus soubessem disso.

Marty, no entanto, disse não ter encontrado nenhuma prova irrefutável de que a CIA tenha instalado centros de detenção secretos na Europa.

As declarações dele, constantes de um relatório preliminar, mantém a pressão sobre a CIA e os governos europeus em meio às acusações de que a agência de inteligência dos EUA usou aeroportos europeus para transportar prisioneiros levados a outros países, onde podem ter sido torturados.

- Há uma grande quantidade de indícios coerentes e convergentes apontando para a existência de um sistema de 'realocação' e 'terceirização da tortura' - disse Marty em seu relatório inicial para o Conselho da Europa, um órgão integrado por 46 países e cuja sede fica em Estrasburgo, leste da França.

Segundo o senador suíço, ficou provado que "indivíduos foram seqüestrados, privados de sua liberdade e transportados para locais diferentes dentro da Europa antes de serem entregues para países nos quais podem ter sido vítimas de tratamento degradante ou de tortura".

Marty estimou que mais de 100 pessoas podem ter sido alvo desse tipo de prática.

- É altamente improvável que os governos europeus, ou ao menos seus serviços de inteligência, desconhecessem o que estava acontecendo - acrescentou.

Mas o senador reconheceu não ter encontrado provas claras sobre a existência, na Europa, de centros de detenção como o instalado pelos EUA na baía de Guantanamo, em Cuba.

O governo americano não negou nem confirmou a notícia sobre os centros de detenção secretos, divulgada pela primeira vez no jornal 'The Washington Post', em novembro.

Segundo as acusações, haveria tais centros na Romênia, na Polônia, na Ucrânia, em Kosovo, na Macedônia e na Bulgária.

No começo do mês, Marty disse que os estados europeus tinham, deliberadamente, ignorado esse "trabalho sujo" e que eram cúmplices de atividades ilegais realizadas pela CIA durante a "guerra contra o terrorismo".

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