Estados Unidos, União Europeia (UE), Índia, Arábia Saudita e outros países anunciaram, um megaprojeto de linhas ferroviárias, portuárias e energéticas que pretende ser uma alternativa à Rota da Seda chinesa.
"Tenho o orgulho de anunciar que concluímos um acordo histórico para a criação de um Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa", afirmou o presidente dos EUA, Joe Biden, juntamente com outros líderes que defenderam o projeto.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou o projeto como "histórico", enquanto o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, o considerou "importante". O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou que a iniciativa é "sem precedentes".
Neste sábado, o projeto foi concretizado com a assinatura de um memorando de entendimento para a criação do "Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa" pelos países envolvidos: Estados Unidos, Índia, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Alemanha, França, Itália e União Europeia (UE).
Israel fará parte do projeto
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse aos jornalistas que Jordânia e Israel, que não têm relações diplomáticas com a Arábia Saudita, também participarão.
O projeto, segundo Sullivan, contribuirá para "uma maior integração no Oriente Médio", em um momento em que os EUA tentam fazer com que Israel e Arábia Saudita normalizem as suas relações, o que poderá abrir a porta para uma solução do conflito israel-palestino e revolucionar o tabuleiro do jogo na região.
A ideia do megaprojeto é estabelecer rotas ferroviárias e marítimas que liguem a Índia à Europa através dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Jordânia e Israel, disse Sullivan.
Desta forma, o novo corredor tem como objetivo reconfigurar o comércio entre os países da Europa, o Golfo Pérsico e o Sul da Ásia, reduzindo significativamente o tempo necessário para transportar mercadorias entre estes países.
Tem também como objetivo aumentar a cooperação energética entre os países signatários e melhorar as suas conexões à internet. Para isso, será criado um gasoduto de hidrogênio verde, serão construídas infraestruturas para ligar as redes elétricas das diferentes nações e serão instalados cabos submarinos e terrestres para facilitar a rápida troca de dados, explicou Sullivan.
Sem detalhes sobre financiamento
Apesar da ambição do projeto, o memorando de entendimento se limita a delinear os objetivos, mas não define o seu financiamento.
O próximo passo será a criação de grupos de trabalho pelos países signatários no prazo de 60 dias, para que possam ser identificadas as áreas onde é necessário investimento e estabelecido um calendário realista de execução, disse Amos Hochstein, principal assessor de Biden para infraestruturas.
Tanto a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, como os Emirados Árabes, o centro das finanças do Oriente Médio, procuraram durante anos se proteger de qualquer perturbação nas rotas comerciais e energéticas. No entanto, a experiência mostra que os grandes projetos de infraestrutura no Oriente Médio são frequentemente lentos.
Contraponto à Rota da Seda
Embora ainda haja algum caminho a percorrer, o anúncio do "Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa" tem um grande significado político e é uma demonstração de força do governo Biden, que estabeleceu como objetivo contrapor a influência da Rota da Seda da China.
Há exatamente dez anos, o presidente chinês Xi Jinping lançou esta iniciativa, cujo legado já inclui projetos de infraestrutura de bilhões de dólares, empréstimos a países em desenvolvimento e a expansão do poder geopolítico e econômico da China nos cinco continentes.
O anúncio surge em um momento em que a China tem aumentado a sua influência não só na região Ásia-Pacífico, mas também no Oriente Médio nos últimos anos. Como exemplo, foi a mediadora do acordo entre a Arábia Saudita e o Irã, em março, para o restabelecimento de relações diplomáticas.
Xi planeja receber líderes mundiais, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, em Pequim, em outubro, para um fórum sobre a Rota da Seda.
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