John Brennan, nomeado para dirigir a CIA (agência de inteligência americana) pelo presidente Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira (7) que o governo americano faz uso de aviões não tripulados, conhecidos como "drones", para abater suspeitos de terrorismo, salvar vidas e como última opção em ações militares.
Brennan assegurou perante a Comissão de Inteligência do Senado durante sua audiência de confirmação que existe a ideia "equivocada" que os "drones" são utilizados para "castigar os terroristas" por suas ações passadas e ressaltou que se recorre a esta prática "para salvar vidas e quando não há outra opção".
"Não entendem a agonia pela qual passamos para assegurar-nos que não há nenhuma vítima colateral", disse Brennan, que destacou a importância de abrir um debate público para que se entenda o processo e o rigor na tomada de decisões.
"O povo está reagindo a muitas falsidades", lamentou Brennan, que ao começar a audiência foi vaiado por ativistas da organização Pink Code.
Ao início de sua audiência Brennan lembrou que o presidente Barack Obama "insistiu que qualquer ação que tomemos deve estar legalmente fundamentada, estar profundamente baseada em inteligência e deve contar com a apropriada aprovação do processo antes que qualquer ação seja contemplada".
O homem indicado para dirigir a CIA também declarou que estava "consciente" dos interrogatórios extremos como o afogamento simulado, mas não pôde detê-los porque não fazia parte da "cadeia de comando" desse programa.
Brennan, no entanto, garantiu que se opôs em privado a técnicas como o afogamento simulado ou a nudez para extrair informação dos suspeitos de serem terroristas da Al Qaeda.
"Não tive um papel na criação, execução ou controle" dos programas de interrogatórios da CIA, iniciados na administração do presidente George W. Bush durante a luta contra o terrorismo islamita e que deixaram de ser utilizados no segundo mandato do governante.
Brennan foi chefe de gabinete do então diretor da CIA, George Tenet, entre 1999 e março de 2001, e posteriormente foi promovido a subdiretor da agência de inteligência. Entre 2003 e 2004 criou o Centro de Integrado de Ameaças Terroristas.
"O afogamento simulado é algo que não deveria ter ocorrido e que não voltará a acontecer", indicou Brennan, que o qualificou como um ato "repreensível", mas evitou defini-lo diretamente como tortura por "suas implicações legais".
Na audiência, Brennan também revelou que se opôs a uma operação em 1998 para matar Osama bin Laden porque, segundo sua opinião, tinha baixas probabilidades de êxito.
Brennan respondeu a um senador que desaconselhou no final dos anos 90 o então diretor da CIA, George Tenent, que realizasse uma operação para acabar com o líder da Al Qaeda, pouco antes do ataque dessa rede terrorista contra a embaixada americana no Quênia em agosto de 1998.
Segundo Brennan, que esteve vinculado à agência de inteligência durante 25 anos, ele não foi o único membro da CIA naquele momento que se opôs à operação.
"Não estava bem baseada em informação de inteligência e tinha uma probabilidade mínima de êxito", comentou.