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Defesa

EUA vão abandonar Tratado de Céus Abertos

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Presidente dos EUA, Donald Trump, embarca no Air Force One na Base da Força Aérea de Andrews em 21 de maio de 2020 (Foto: Brendan Smialowski/AFP)

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Os Estados Unidos vão se retirar do Tratado de Céus Abertos e devem fazer um anúncio oficial sobre a decisão ainda nesta semana, informou a imprensa americana nesta quinta-feira (21). A administração do presidente Donald Trump já começou a informar outros 34 países signatários do acordo - quase todos europeus - sobre a retirada.

Fontes do governo americano informaram ao New York Times e a outros veículos de notícias que um dos motivos que baseou a decisão foi o fato de a Rússia nem sempre cumprir com o tratado. "Acho que temos um relacionamento muito bom com a Rússia, mas a Rússia não aderiu ao tratado", disse Trump a repórteres na tarde desta quinta-feira, ao ser perguntado sobre o assunto. "Então, até eles aderirem, nós sairemos".

Marshall Billingslea, representante especial de Trump para controle de armas, disse ao New York Times que a Rússia impediu que os Estados Unidos realizassem voos sobre Kaliningrado, Geórgia e durante os grandes exercícios militares russos. Além disso, o Pentágono e as agências de inteligência americanas alegaram que os russos estão usando os voos sobre os Estados Unidos para mapear a infraestrutura crítica americana que poderia ser alvo de ataques cibernéticos.

O Tratado de Céus Abertos, em vigor desde 2002, permite que os países signatários realizem voos de observação desarmados sobre os territórios uns dos outros para aprimorar a confiança mútua sobre operações militares e assim evitar erros de cálculo que possam levar a conflitos. Também é usado para coleta de informações, mas críticos do tratado argumentaram que os Estados Unidos obtêm melhor inteligência dos sistemas de satélite e que o financiamento para substituir as antigas aeronaves de observação Boeing OC-135 pode ser gasto com outras coisas, segundo informou o site Defense News.

Porém, os aliados dos EUA na Europa poderão ficar vulneráveis se a Rússia seguir a decisão americana e também se retirar do pacto, já que contam com as operações de Céus Abertos para coletar informações sobre o que está acontecendo na vizinha Rússia.

"Mas há uma chance muito boa de que façamos um novo acordo ou façamos algo para reorganizá-lo", disse Trump nesta quinta. "Acho que o que vai acontecer é que vamos sair e eles vão voltar e querer fazer um acordo. Ultimamente, tivemos um relacionamento muito bom com a Rússia". Após anunciar formalmente sobre a saída, os países terão seis meses para discutir a questão e os Estados Unidos podem, eventualmente, decidir por permanecer no acordo.

No ano passado, a administração Trump tirou os Estados Unidos do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), firmado com a Rússia em 1987 para evitar o desenvolvimento e a produção de mísseis nucleares de alcance intermediário (500 a 5.500 quilômetros). Na época, a decisão também foi baseada em violações por parte do Kremlin.

Rússia diz que saída dos EUA é "golpe"

Em resposta à decisão do governo Trump de retirar os EUA do Tratado de Céus Abertos, a Rússia afirmou que a saída americana é um golpe para a segurança europeia. Diplomatas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmaram que haverá uma reunião de urgência na sexta-feira, 22, para debater o assunto.

"A retirada dos EUA desse tratado é também um golpe nos instrumentos militares existentes e nos interesses essenciais de segurança dos aliados dos EUA", disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Alexandre Grouchko, citado por agências de notícia locais.

"Não é um tratado bilateral, mas multilateral. E uma decisão tão brusca afetará os interesses de todos os participantes, sem exceção", disse a autoridade russa.

De acordo com Grouchko, "nada impediu uma discussão mais aprofundada sobre os problemas técnicos que os Estados Unidos estão apresentando hoje, como, por exemplo, violações da Rússia" acrescentou o vice-ministro, acusando Washington de ter eliminado um "instrumento que serviu aos interesses de manter a paz e a segurança na Europa nos últimos 20 anos".

Atualização

Este texto foi atualizado com a inclusão da resposta da Rússia à decisão dos Estados Unidos.

Atualizado em 16/06/2020 às 15:43

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