
Funcionários dos Estados Unidos estão investigando possíveis ligações entre o ataque fracassado contra um avião americano no Natal (voo 253 da Northwest) e ex-detentos da prisão da base naval de Guantánamo. Acredita-se que os ex-detentos em questão sejam líderes de uma sucursal da rede terrorista Al-Qaeda no Iêmen, informa o Wall Street Journal.
Documentos do Departamento de Defesa dos EUA liberados no começo deste ano mostram que Said Ali Al-Shihri e Mohammed Al-Awfi, libertados de Guantánamo em 2007, podem agora ser líderes da Al-Qaeda na Península Arábica, o grupo iemenita que na segunda-feira assumiu a responsabilidade pela tentativa de explodir o voo 253 da Northwest Airlines, que viajou de Amsterdã a Detroit.
O nigeriano de 23 anos Umar Faourk Abdulmutallab, acusado de tentar derrubar o avião em 25 de dezembro, disse aos investigadores que recebeu o explosivo de integrantes da Al-Qaeda no Iêmen. Investigadores ainda tentam verificar a declaração, embora agentes tenham dito que operam sob a assertiva de que a declaração do nigeriano é verdadeira.
As possíveis ligações entre ex-detentos de Guantánamo e a tentativa de derrubar o avião intensificaram as críticas ao esforço da administração Obama de fechar a prisão na base de Guantánamo, em Cuba.
Shihri e Awfi foram soltos em 2007 na Arábia Saudita, o país natal dos dois, como parte de um projeto do governo da Arábia para erradicar o extremismo, mas desapareceram rapidamente após cumprir o programa.
Agora acredita-se que Shihri seja um vice-líder da Al-Qaeda na Península Arábica no Iêmen. Awfi reapareceu em janeiro num videoclipe da Al-Qaeda, no qual vestia um cinturão de balas e era apresentado como um comandante de campo da organização terrorista, de acordo com a Associated Press.
A mais ativa
A Al-Qaeda da Península Arábica deixou de ser uma ameaça regional para virar aquilo que agências de espionagem dos EUA afirmam ser o ramo mais ativo da rede fora do Paquistão e Afeganistão, e com ambições globais, de acordo com autoridades norte-americanas. A crescente ameaça da Al-Qaeda do Iêmen tem sido monitorada com alarme pelas agências de inteligência dos EUA, e levou o presidente Barack Obama a discretamente ampliar neste mês a assistência ao governo iemenita para realizar ações violentas contra esconderijos de militantes, segundo as fontes oficiais.
Ao reivindicar o atentado fracassado contra o voo da Northwest, o grupo disse que tentava vingar ataques dos EUA contra seus líderes e agentes no Iêmen. O nigeriano Umar Farouk Abdultmallab, que portava os explosivos, não conseguiu detoná-los, mas as autoridades dos EUA acham que seu embarque foi uma das violações mais graves contra a vigilância antiterror desde os atentados de 11 de setembro de 2001.
Apelando por mais ajuda dos Estados Unidos e Europa, o chanceler iemenita, Abubakr Al Qirbi, descreveu o atual nível de assistência como "inadequado", e disse que seu país precisa de mais treinamento para as unidades de contraterrorismo e mais equipamentos militares, especialmente helicópteros. Neste ano, militantes sauditas e iemenitas se fundiram em uma só organização sediada no Iêmen, país mais pobre da região.



