Numa corrida contra o relógio, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez três reuniões ontem com líderes do Congresso, mas não conseguiu um acordo para aprovar o Orçamento de 2011. A decisão ficou para hoje, último dia para evitar que o governo federal interrompa serviços básicos a partir de amanhã, por falta de financiamento.
O ano fiscal de 2011, que se iniciou em outubro do ano passado, vem sendo até agora financiado por leis temporárias. Até às 22 h de ontem não havia acordo no Legislativo para renovar os gastos, que só estão autorizados até hoje.
Se houver o que nos EUA é chamado de "fechamento'' do governo, cerca de 800 mil funcionários federais deverão ficar em casa sem salário até que haja acordo. Parques, bibliotecas e museus serão fechados. Em Washington, até a coleta de lixo está ameaçada.
Republicanos insistem em corte de US$ 39 bilhões, enquanto democratas aceitam eliminar US$ 34,5 bilhões.
Republicanos da Câmara propuseram mais uma lei temporária para financiar o governo por uma semana, mas Obama disse que a vetaria. No Senado, democratas (que são maioria) afirmaram que não a aprovariam, com o argumento de que é apenas uma manobra.
Além das cifras de cortes, os dois lados têm disputas ideológicas, com discordâncias sobre fundos para programas que lidam com aborto e regulamentações de qualidade do ar.
Obama e o vice-presidente Joe Biden receberam pela manhã o titular republicano da Câmara, John Boehner, e o chefe da maioria democrata no Senado, Harry Reid, para tentar alcançar um acordo.
Sem acerto
As reuniões na Casa Branca se sucederam sem, no entanto, obter sucesso. "Não há acordos sobre as cifras, não há acordos sobre as questões políticas", disse Boehner aos jornalistas ao sair da reunião de 90 minutos. Por sua vez, Reid advertiu sobre as consequências de uma paralisia governamental caso não se chegue a um acordo.
Reid já havia manifestado seu pessimismo antes da reunião, e disse que o país parece dirigir-se para esse cenário. "Não podemos resolver em uma noite desacordos que existem há quatro décadas", disse.
Reid disse também que os republicanos serão responsáveis caso "este governo paralisar". Mas os republicanos se defenderam, afirmando que seu objetivo não é fechar os serviços administrativos, mas reduzir gastos.