A decisão de um grande júri dos Estados Unidos nesta segunda-feira (24) de não indiciar Darren Wilson, o policial branco que matou o jovem negro Michael Brown em agosto, gerou imediatamente violentos distúrbios em Ferguson, em Missouri, onde ocorreu o caso, enquanto manifestações pacíficas ocorreram nas grandes cidades do país.
Veículos depredados e incendiados, saques e sons de tiros foram registrados na avenida West Florissant e seus arredores, em Ferguson, após o anúncio da decisão judicial. Ao menos 12 prédios foram incendiados e mais de 80 pessoas foram presas.
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A polícia de Ferguson foi alvo de tiros de manifestantes, informou o chefe de polícia de Saint Louis, Jon Belmar. Ele disse ainda que ouviu cerca de 150 tiros durante a noite de protestos, saques e confrontos entre manifestantes e a polícia. Logo após o anúncio, por volta das 2h (0h de Brasília), manifestantes passaram a atirar objetos contra os policiais, aos gritos de "sem justiça não há paz".
Os agentes reagiram lançando bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, segundo constatou a AFP. Os manifestantes também denunciaram o uso de gás lacrimogêneo, mas a polícia do condado de Saint Louis garantiu, através do Twitter, que só utiliza "fumaça" para dispersar as pessoas.
A cidade de Ferguson, situada nos arredores de Saint Louis, está em alerta máximo, com o FBI e a Guarda Nacional preparados para intervir. O órgão responsável pela aviação nos EUA emitiu uma restrição temporária de voos para Ferguson na noite de segunda.
Apesar de não haver relatos de ferimentos graves, o chefe de polícia disse que os distúrbios de segunda-feira à noite e madrugada desta terça (25) foram "muito piores" do que as manifestações que ocorreram logo após a morte de Michael Brown, em 9 de agosto.Relembre episódios de tensão racial nos Estados Unidos
Os protestos não acontecem apenas em Ferguson, mas se estendem por Nova York, Chicago, Los Angeles, Washington D.C., Oakland e outras grandes cidades do país.
Também nesta segunda, um policial foi ferido por um tiro em University City, um subúrbio de Saint Louis próximo a Ferguson, mas não se sabe se o caso está relacionado à decisão do júri.
Decepção
"Estamos profundamente decepcionados de que o assassino do nosso filho não tenha que sofrer as consequências de seus atos", declarou a família de Brown. No entanto, pediu que os manifestantes evitassem os distúrbios, ao afirmar na nota que "responder a violência com violência não é a resposta".
O presidente Barack Obama fez um apelo à calma em Ferguson: "Somos uma nação baseada no respeito à lei". Obama destacou que todos os protestos devem ocorrer de "maneira pacífica", lembrando que os familiares de Brown rejeitaram qualquer ato de violência.
O caso
As manifestações começaram logo depois da divulgação da notícia que Wilson, 28, o policial branco que matou Brown, 18, continuará livre e não será indiciado, depois que o grande júri concluiu que não há provas suficientes para indiciá-lo.
Após ouvir a versão de 60 testemunhas, o grande júri decidiu que não existe "causa provável" para acusar o agente. No dia 9 de agosto, Brown, que estava desarmado, foi baleado seis vezes por Wilson, em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas.
A polêmica morte reavivou as tensões raciais e provocou manifestações que muitas vezes terminaram em distúrbios. Quase 70% da população de Ferguson é negra, mas as autoridades políticas e policiais são majoritariamente brancas.