O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (24) novas sanções contra o Irã em retaliação à derrubada de um drone americano perto do Estreito de Ormuz, na semana passada. Um dos alvos das sanções é o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, além do ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, e oficiais militares.
"Continuaremos a aumentar a pressão sobre Teerã", disse Trump. "o Irã nunca poderá ter uma arma nuclear", disse Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca.
"O único caminho a seguir é que o Irã negocie um acordo abrangente que aborde todo o espectro de seus comportamentos desestabilizadores. Até que isso aconteça, nossa campanha de isolamento diplomático e máxima pressão econômica continuará. Quando o regime iraniano decidir renunciar à violência e cumprir nossa diplomacia com diplomacia, sabe como chegar até nós", afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
Cerca de 80% da economia do Irã já está sob sanções americanas.
Parte desta pressão americana o Irã está transferindo para a Europa. Nesta quinta-feira (27) o país persa deve ultrapassar os limites de estoque de urânio enriquecido previstos no acordo nuclear de 2015, do qual os EUA se retirou, mas França, Alemanha, Rússia, China e Reino Unido ainda são signatários. A decisão, anunciada na semana passada, pode ser revertida caso esses países retomem o comércio com o Irã e reduzam o impacto as sanções americanas. Até agora, não há sinal de que essa pressão vá funcionar. Os países devem se reunir na sexta-feira (28) para debater o assunto.
Na quinta-feira passada (20), o Irã derrubou um drone de vigilância dos EUA de US$ 130 milhões, o Global Hawk, perto do Estreito de Ormuz. Então veio a troca de acusações: EUA afirmam que a aeronave não tripulada estava em espaço aéreo internacional, enquanto o Irã assegura que ela estava em seu território. O governo iraniano mostrou imagens do que diz ser destroços do drone militar - uma prova de que ele estaria sobrevoando o Irã, segundo Teerã.
Na madrugada de sexta-feira, segundo contou Trump, o governo americano estava pronto para retaliar o ataque ao drone, mas o presidente americano mudou de ideia e disse que a contra-ofensiva mataria 150 iranianos e, portanto, seria desproporcional. Mas muito provavelmente esse não é o único motivo. Trump também deve ter levado em consideração que um conflito com o Irã extrapolaria as fronteiras do país persa e se tornaria uma guerra regional - e também porque a espiral dos acontecimentos reverteria a política de Trump de diminuir a presença americana no Oriente Médio.
A imprensa americana relatou, dias depois, que, apesar de não ter levado adiante a missão, os EUA lançaram um ciberataque contra baterias iranianas de radar e mísseis e contra um grupo espião iraniano ligado à Guarda Revolucionária Iraniana, como retaliação aos ataques aos navios petroleiros no Golfo de Omã, em 14 de junho.
Tudo isso, considerando também os ataques à Arábia Saudita e a interesses dos EUA no Iraque, elevou as chances de uma guerra entre os dois países rivais para 40%, segundo análise do CEO do Eurasia Group, Maziar Minovi para a Bloomberg.
Os grupos e milícias que o Irã apoia na região se tornaram ativos importante de pressão neste momento. Além disso, o aiatolá Khamenei sabe que uma guerra com potencial de durar décadas traria muitos problemas para o presidente Trump, que concorrerá à reeleição no ano que vem. Segundo o Soufan Center, essa confiança explica por que o Irã está disposto a arriscar uma potencial retaliação dos EUA ao atacar petroleiros comerciais no Golfo ou ao abater o drone Global Hawk.
Enquanto isso, o preço do petróleo continua aumentando: subiu 9,4% após o abate do drone, na iminência das novas sanções contra o Irã, subiu mais 1,4% e agora está em torno de US$ 64 (Brent - ICE).