Teerã (AFP) Os europeus voltaram a fazer um apelo ao Irã para desistir de retomar algumas atividades nucleares ultra-sensíveis, em meio ao risco de uma "crise internacional de maiores proporções". Em carta dirigida ao funcionário iraniano encarregado da questão nuclear, os ministros das Relações Exteriores de Alemanha, França e Grã-Bretanha, assim como o Alto Representante da política externa da União Européia fizeram uma advertência contra a retomada da conversão do urânio, anunciada na véspera pelos iranianos.
"Se o Irã recomeçar as atividades atualmente suspensas, paralisaremos as negociações e não teremos outra saída, a não ser partir para outros tipos de ações". O recado é um eufemismo para um possível recurso ao Conselho de Segurança da ONU, segundo Joschka Fischer, Philippe Douste-Blazy, Jack Straw e Javier Solana dirigindo-se a Teerã.
"Apelamos ao Irã a não recomeçar as atividades suspensas e a não tomar outras medidas unilaterais, e a confirmar, sem demora, seu compromisso total com o acordo de Paris", disseram os europeus. Pelos termos deste acordo, concluído em 14 de novembro de 2004, os iranianos aceitavam suspender todas as atividades de enriquecimento de urânio e de conversão.
"As atividades nucleares da república islâmica são pacíficas. Respeitamos as regras internacionais, mas não renunciaremos a nossos direitos legítimos", respondeu secamente o porta-voz das Relações Exteriores do Irã, Hamid Reza Assefi.
Neste clima de impasse, os iranianos continuavam ontem os preparativos para voltar a colocar em marcha a usina de conversão de urânio de Ispahan, no centro do país. "O trabalho continua. Cabe à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fazer o necessário, como pedimos. Para nós, é um assunto concluído", disse um porta-voz do governo iraniano. A República Islâmica pediu à AIEA, a agência da ONU que zela pela não-proliferação nuclear, que retirasse os lacres que colocou na usina de Ispahan quando esta suspendeu as suas atividades em novembro.
O Irã comunicou à AIEA, na segunda-feira, a decisão de reabrir a usina, que converte mineral de urânio ("yellowcake") em gás, etapa prévia à sua introdução nas centrífugas para produzir urânio enriquecido.
Para os europeus, a melhor garantia de que o Irã não tentará fabricar armas atômicas é a de que renuncie definitivamente ao enriquecimento de urânio, que pode servir como combustível para centrais nucleares, mas também para fins militares. A UE pediu aos iranianos que não comprometam as negociações e recordou que seus respresentantes pretendiam apresentar ao país antes de 7 de agosto propostas detalhadas de cooperação para convencer o país a manter a suspensão do enriquecimento de urânio.
EUA
O governo dos Estados Unidos, que antes tinha calculado que o Irã teria armas nucleares em aproximadamente cinco anos, agora acha que faltam dez anos para que isso aconteça, segundo informou ontem o jornal The Washington Post. Os EUA citam produção de armas nucleares como razão para incluir o Irã no chamado "eixo do mal". A invasão do Iraque, que para Washington também faz parte do grupo, foi invadido sob a justificativa de que armas nucleares tinham de ser destruídas. Em mais de dois anos de ocupação militar, esse tipo de artefato nunca foi encontrado.
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