A União Europeia (UE) acelerou as medidas para a realização de uma ampla reforma de seu controle de tráfego aéreo nesta sexta-feira, após a crise por causa de cinzas vulcânicas ter transformado a maior parte do continente em zona proibida para voos durante dias. "O pior já passou, mas há uma grande quantidade de trabalho a ser feita para lidar com a crise de gerência", disse o comissário de transportes da UE, Siim Kallas.
A Alemanha convidou especialistas em aviação, autoridades da UE e representantes da indústria para irem a Berlim na terça-feira para discutir o estabelecimento de padrões para viagens aéreas. A Espanha, que atualmente ocupa a presidência rotativa da UE, disse que ministros de transportes do bloco vão se reunir no dia 4 de maio em Bruxelas para discutir a unificação do espaço aéreo da Europa.
O espaço aéreo europeu estava em sua maior parte livre das cinzas vulcânicas da Islândia segundo a agência de controle aéreo Eurocontrol. Todo o espaço aéreo britânico foi liberado depois que quatro pequenos aeroportos escoceses foram reabertos.
Mas pela primeira vez desde a erupção de 14 de abril, o principal aeroporto internacional da Islândia ficou fechado depois que os ventos mudaram de direção e levaram as cinzas na direção da capital do país, Reykjavik, que fica a oeste do vulcão
Eyjafjallajokull. Já os voos em todo o restante da Europa ocorreram normalmente, disse a porta-voz da Eurocontrol, Kyla Evans. Cerca de 29 mil voos estavam previstos.
Uma semana de fechamento de espaços aéreos pelas cinzas criou a pior crise da aviação civil na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 100 mil voos foram cancelados e as empresas aéreas podem ter tido prejuízos de mais de US$ 2 bilhões.
O projeto do "Céu Europeu Único" deveria começar em 2012, mas Kallas disse que a última crise mostrou que "não podemos esperar por tanto tempo".
"A falta de um único regulador europeu para o controle de tráfego tornou muito difícil responder à crise. Nós precisávamos de uma resposta europeia rápida e coordenada...em vez disso tivemos um quadro fragmentado de 27 espaços aéreos", disse Kallas.
A UE tem 27 redes nacionais de controle de tráfego aéreo, 60 centros de tráfego e centenas de centros de aproximação e torres Em contraste, os Estados Unidos gerenciam duas vezes o número de voos com um custo semelhante usando apenas cerca de 20 centros de controle.
"Sem um regulador central, a Europa estava operando com uma mão atada às costas", disse ele.
Um sistema de navegação europeu sem costuras ordenaria as rotas em ziguezague do continente para reduzir a queima de combustível e reforçaria o papel da Agência de Segurança Aérea Europeia que atualmente lida principalmente com problemas de navegabilidade aérea. Ele permitiria que um único centro de comando desviasse o tráfego e fornecesse dados detalhados para os centros nacionais de tráfego aéreo.
Até agora, os governos europeus desejaram manter a completa soberania sobre seus espaços aéreos por questões de segurança. Alguns funcionários também lutam contra o novo programa. Controladores aéreos franceses, temendo cortes de salário e perda de empregos, entraram em greve por causa da questão.
Na Islândia, o vulcão estava ativo nesta sexta-feira, mas a produção de cinzas foi pequena. Magnus Tumi Gudmundsson, geofísico da Universidade da Islândia, disse que o vulcão estava expelindo apenas algo entre 10 e 12 toneladas métricas de cinzas por segundo no ar, ante 750 toneladas por segundo durante o ápice da erupção. "A ameaça do vulcão agora é local. Não é hemisférica", disse ele.
Ainda assim, ele disse que a erupção continua e que os cientistas continuam a observá-la de perto.
A Comissão Europeia também avalia formas de ajudar as companhias aéreas enfrentando o custo gerado pelos milhares de voos cancelados por causa da cinza emitida por um vulcão na Islândia, disse Kallas. Ele disse que apresentará sua análise preliminar sobre a crise para seus colegas comissários da UE na reunião do grupo na terça-feira.
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