Crise atual teve origem na Tunísia e se agravou com guerra civil na Líbia
A crise migratória atual na Europa teve início com a revolução na Tunísia, em janeiro deste ano. O ex-presidente Ben Ali determinou violenta repressão aos protestos pro democracia que eclodiram em todo o país, o que provocou fuga em massa de tunisianos. Muitos buscaram a Europa, principalmente a França.
Turista enfrentará burocracia
As alterações no Acordo de Schengen , para o controle das fronteiras na Europa, debatidas ontem pelos ministros do interior da União Europeia, podem mudar a rotina dos turistas que viajam pelo continente e tornar mais burocrático o trânsito entre os países.
Opinião
Onda migratória tem causas globais
Juliano Cortinhas, coordenador do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba)
Apesar do retrocesso que o assassinato de Bin Laden representou em relação à importância das normas e da cooperação internacional, já que os EUA não sofrerão quaisquer represálias por quebrar princípios fundamentais de Direito, a interdependência continua sendo a principal força das relações internacionais.
Bruxelas - A União Europeia (UE) avançou ontem nas negociações para adotar medidas com o objetivo de enfrentar a imigração ilegal. Diante da forte pressão de partidos populistas e xenofóbicos, a maioria dos países europeus apoiou em reunião realizada em Bruxelas uma proposta para restabelecer os controles pontuais em suas fronteiras internas.
A iniciativa, defendida inicialmente por França e Itália, foi debatida pelos ministros do Interior da União Europeia (UE) em busca de soluções diante da chegada de imigrantes norte-africanos que fogem das revoluções em curso em seus países.
"Das cerca de 400 mil pessoas que fugiram nas últimas duas semanas do conflito líbio, apenas umas poucas chegaram à Europa, mas são suficientes para fazer refletir sobre como devemos enfrentar a situação", argumentou a comissária europeia de Imigração, Cecilia Malmstrom.
A livre circulação de pessoas nos países da região é garantida pelo Tratado de Schengen, assinado em 1985, mas uma cláusula do acordo permite aos Estados membros fechar suas fronteiras por circunstâncias excepcionais, como uma partida de futebol de risco ou uma ameaça à segurança.
Agora, a UE se dispõe a examinar se essa exceção pode ser aplicada para controlar a imigração ilegal, e a questão pode ser decidida na próxima cúpula de chefes de Estado e de governo, marcada para o fim de junho, em Bruxelas.
Reprovação
A Anistia Internacional aproveitou o lançamento de seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo, ontem, para fazer uma dura crítica à forma como a Europa tem tratado os migrantes que fogem da violência na África.
"Vai ser difícil para alguns líderes europeus encarar alguém do Irã ou da China e querer dar lições de respeito aos direitos humanos depois do que estão fazendo aqui, disse Salil Shetty, secretário-geral da entidade, durante entrevista em Londres.
Segundo a Itália, principal porta de entrada desses migrantes, cerca de 30 mil já aportaram no continente. Os imigrantes não são bem recebidos. A Itália os mantém em centros superlotados. A França chegou a fechar a fronteira para impedir a entrada deles.
Além disso, muitos morrem na travessia do Mediterrâneo em barcos improvisados.
A Otan (aliança militar do Ocidente) e a França foram acusadas de não socorrer um barco à deriva; 61 morreram. Para a Anistia Internacional, o problema dos migrantes africanos se soma ao dos ciganos para envergonhar a Europa.
Em 2010, a França expulsou vários de seu território (mesmo com cidadania europeia). Alegou não terem dinheiro para se manter no país.
Apesar desses problemas, o relatório da Anistia, que contempla 157 países, aponta avanços no mundo. Para a entidade, a tecnologia (internet e redes sociais) e o site WikiLeaks permitiram maior difusão de informações e facilitaram a mobilização das pessoas contra regimes opressores.
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