A nuvem de cinzas provocada pelo vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, não está se dissipando porque a direção dos ventos não se altera| Foto: Halldor Kolbeins/AFP

A União Europeia fechou um acordo na segunda-feira para reduzir a zona de proibição aérea provocada por uma nuvem de cinzas proveniente de um vulcão da Islândia, sob a pressão das companhias aéreas que estão perdendo 250 milhões de dólares por dia.

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Embora alguns países estivessem abrindo seu espaço aéreo, as autoridades afirmaram acreditar que menos de um terço dos voos operasse na Europa na segunda-feira, no quinto dia do caos aéreo que afetou passageiros de todo o mundo e causou o cancelamento de voos de carga.

"No nível nacional e no europeu, decidimos agir passo a passo rumo à normalização, dentro de rígidas exigências de segurança", disse o ministro de Transportes da Alemanha, Peter Ramsauer, à televisão N24.

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Um diplomata da UE dissera antes que parecia haver um consenso em torno da criação de novas zonas com uma região de proibição aérea perto do vulcão e uma zona mais ampla onde os voos estariam sujeitos a restrições de segurança e a verificações, mas não proibição.

Ele afirmou que o novo regime deveria entrar em vigor às 3h de terça-feira (horário de Brasília).

A Comissão Europeia afirmou que poderá aprovar uma compensação para amenizar as perdas das companhias aéreas decorrentes do fechamento.

"Este vulcão (expelindo cinzas na Islândia) paralisou o setor aéreo, primeiro na Europa, e agora está tendo implicações mundiais. A escala do impacto econômico já é maior do que no 11 de Setembro (de 2001), quando o espaço aéreo dos EUA foi fechado por três dias", disse o chefe da Iata, a associação internacional da aviação comercial, Giovanni Bisignani. Ele afirmou que as companhias aéreas estavam perdendo 250 milhões de dólares por dia em receitas.

"Precisamos nos afastar desta proibição generalizada e encontrar formas de abrir de modo flexível o espaço aéreo, passo a passo", disse ele.

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As ações das companhias aéreas caíram e o comissário da União Europeia para concorrência, Joaquin Almunia, disse que estava considerando amenizar as regras para auxílio estatal.

A British Airways, que diz ter perdido entre 15 e 20 milhões de libras (22 a 30 milhões de dólares) por dia em receitas com passageiros e cargas, afirmou ter solicitado uma compensação aos governos nacionais e à EU.

Milhões de passageiros ficaram presos ou tiveram problemas com viagens. "Não podemos viajar por causa do vulcão, então nos deixaram em Roma, e agora estamos tentando ir para o norte, mas está caótico", disse o britânico Mark, na estação central de Roma, tentando voltar para Duesseldorf, na Alemanha.

QUEDA DE 70%

A agência de controle aéreo Eurocontrol disse na segunda-feira que 8.000 a 9.000 voos devem operar durante o dia na Europa, o que representa apenas 30 por cento do normal. No fim de semana, menos de 25 por cento dos voos operaram. Desde quinta-feira, ao menos 63 mil foram cancelados.

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Áustria e República Tcheca abriram seus aeroportos na segunda-feira. Alguns países abriram seu espaço aéreo, mas outros mantiveram os decretos de proibição de vôos. A Itália fechou o espaço aéreo no norte do país após abri-lo por pouco tempo na segunda-feira, e anunciou que vai reabri-lo na terça-feira às 3h (horário de Brasília).

A França afirmou que reabriria progressivamente os aeroportos e criaria um corredor aéreo para Paris a fim de amenizar a crise nos transportes.

O comissário de comércio da União Europeia, Karel De Gucht, disse que a economia da EU enfrentaria sérias conseqüências se a paralisação continuasse por muito tempo. "O que me dá um pouco de medo é que não há um timer nesse vulcão", disse ele à Reuters.

A nuvem vulcânica originária da Islândia impede milhões de passageiros de decolarem, e prejudica também o comércio exterior. Na Grã-Bretanha, muitas empresas disseram que seus funcionários que foram viajar ao exterior na Páscoa não conseguiram voltar, e hospitais anunciaram o cancelamento de cirurgias devido à ausência de médicos.

O Met Office (departamento meteorológico) britânico divulgou um gráfico prevendo pouca movimentação da nuvem de cinzas sobre a Europa nos próximos três ou quatro dias, mas prevendo que ela poderia se dirigir para a costa leste da América do Norte.

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A cinza vulcânica, abrasiva, pode arranhar superfícies aerodinâmicas e afetar motores, sistemas eletrônicos e parabrisas.

O Departamento Meteorológico da Islândia disse que a erupção do vulcão sob a geleira Eyjafjallaokull causou novos tremores na segunda-feira na região, mas que a coluna de cinzas já desceu para cerca de 2 quilômetros de altura, após chegar a até 11 quilômetros na semana passada.

Os transtornos afetam também voos dos EUA e da Ásia para a Europa. Na Rússia, os aeroportos continuam abertos, mas os voos para a América do Norte estão sendo redirecionados para passarem sobre o polo Norte.

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