Superávit
Latinos têm saldo positivo com a Europa
AFP
A América Latina e o Caribe registraram em 2009 um superávit de 8,5 bilhões de euros (10,5 bilhões de dólares) em suas transações com a União (UE), revertendo a tendência de 2000, segundo dados da agência Eurostat, que indicam, além disso, que o Brasil é o principal sócio comercial dos 27 países do bloco.
Entre 2000 e 2009, as exportações dos 27 países da União Europeia (UE) para a América Latina aumentaram de 59 bilhões a 65 bilhões de euros, menos que suas importações, que passaram de 54 bilhões a 74,4 bilhões de euros, afirma a agência europeia de estatísticas.
O Brasil é o maior sócio comercial da UE e foi o principal destino das exportações do bloco em 2009 (33% do total), seguido do México (24%). A primeira fonte de importações do bloco foi igualmente o Brasil (34%), seguido do México (13%) e da Argentina (11%).
Protesto
No domingo, em Madri, milhares de pessoas se manifestaram de forma pacífica contra o "capitalismo europeu" e os planos de ajustes do governo espanhol às vésperas da cúpula da União Europeia-América Latina, na qual serão assinados vários acordos de abertura comercial. "Greve! Os ricos que paguem pela crise!", cantavam os manifestantes. A passeata foi convocada em razão do encontro de líderes da União Europeia, América Latina e Caribe, que começa hoje em Madri.
A União Europeia (UE) e o Mercosul concordaram ontem em retomar as negociações para alcançar um ambicioso acordo de livre-comércio, informou a Espanha. Uma primeira rodada de negociações acontecerá no começo de julho.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que muitas negociações difíceis estão pela frente, mas afirmou que as perspectivas agora são promissoras. "Existem oportunidades magníficas que devemos aproveitar. Um acordo de livre-comércio é um jogo no qual todos saem ganhando", afirmou Barroso.
"Queremos um acordo verdadeiro de associação. Isso significa deixar de sermos vistos como clientes para sermos vistos como sócios", disse a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner.
As negociações prévias entraram num impasse em 2004, em meio ao desacordo sobre as tarifas que protegem os produtos agrícolas europeus de importações do Mercosul, que é comandado pelo Brasil. Os outros integrantes plenos do Mercosul são Argentina, Uruguai e Paraguai.
O ministro do Exterior da Espanha, Miguel Angel Moratinos, disse que o acordo para retomar as negociações foi alcançado na cúpula entre a União Europeia e os países da América Latina e o Caribe, que acontece em Madri.
Funcionários espanhóis dizem que um acordo desse tipo significaria um lucro de US$ 4,5 bilhões por ano para os dois blocos de livre-comércio.
Alfinetadas
O relançamento formal da negociação foi marcado por troca de farpas entre o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. A interrupção da busca de um entendimento comercial das duas regiões, durante seis anos não foi por culpa do Mercosul, segundo a chefe de Estado argentina, mas sim de países como a França que temem a abertura de seus mercados para os produtos agrícolas sul-americanos.
"O grande inconveniente (para um acordo) nunca foi do lado do Mercosul", ressaltou Cristina.
"Há várias formas de protecionismo e é preciso analisá-las", destacou Cristina, afirmando que "protecionismo não é só o que se aplica na aduana dos portos", em clara referência à restrição do governo argentino aos alimentos e bebidas importados.
Zapatero não demorou na resposta a Cristina. "Melhor que a tentação do protecionismo é abrir as portas de nossos mercados porque todos os países seremos beneficiados", disse Zapatero.
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