Barroso e Cristina: críticas ao protecionismo praticado por países europeus| Foto: Andrea Comas/Reuters

Superávit

Latinos têm saldo positivo com a Europa

AFP

A América Latina e o Caribe registraram em 2009 um superávit de 8,5 bilhões de euros (10,5 bilhões de dólares) em suas transações com a União (UE), revertendo a tendência de 2000, segundo dados da agência Eurostat, que indicam, além disso, que o Brasil é o principal sócio comercial dos 27 países do bloco.

Entre 2000 e 2009, as exportações dos 27 países da União Europeia (UE) para a América Latina aumentaram de 59 bilhões a 65 bilhões de euros, menos que suas importações, que passaram de 54 bilhões a 74,4 bilhões de euros, afirma a agência europeia de estatísticas.

O Brasil é o maior sócio comercial da UE e foi o principal destino das exportações do bloco em 2009 (33% do total), seguido do México (24%). A primeira fonte de importações do bloco foi igualmente o Brasil (34%), seguido do México (13%) e da Argentina (11%).

Protesto

No domingo, em Madri, milhares de pessoas se manifestaram de forma pacífica contra o "capitalismo europeu" e os planos de ajustes do governo espanhol às vésperas da cúpula da União Europeia-América Latina, na qual serão assinados vários acordos de abertura comercial. "Greve! Os ricos que paguem pela crise!", cantavam os manifestantes. A passeata foi convocada em razão do encontro de líderes da União Europeia, América Latina e Caribe, que começa hoje em Madri.

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A União Europeia (UE) e o Mer­­cosul concordaram ontem em retomar as negociações para al­­cançar um ambicioso acordo de livre-comércio, informou a Es­­­panha. Uma primeira rodada de negociações acontecerá no começo de julho.

O presidente da Comissão Eu­­ropeia, José Manuel Barroso, disse que muitas negociações difíceis estão pela frente, mas afirmou que as perspectivas agora são promissoras. "Existem oportunidades magníficas que devemos apro­­veitar. Um acordo de livre-comércio é um jogo no qual todos saem ga­­nhando", afirmou Barroso.

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"Queremos um acordo verdadeiro de associação. Isso significa deixar de sermos vistos como clientes para sermos vistos como sócios", disse a presidente da Ar­­gentina, Cristina Fernández de Kirchner.

As negociações prévias entraram num impasse em 2004, em meio ao desacordo sobre as tarifas que protegem os produtos agrícolas europeus de importações do Mercosul, que é comandado pelo Brasil. Os outros integrantes plenos do Mercosul são Argentina, Uruguai e Paraguai.

O ministro do Exterior da Es­­panha, Miguel Angel Moratinos, disse que o acordo para retomar as negociações foi alcançado na cúpula entre a União Europeia e os países da América Latina e o Caribe, que acontece em Madri.

Funcionários espanhóis dizem que um acordo desse tipo significaria um lucro de US$ 4,5 bilhões por ano para os dois blocos de livre-comércio.

Alfinetadas

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O relançamento formal da negociação foi marcado por troca de farpas entre o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e a presidente da Ar­­gentina, Cristina Kirchner. A in­­terrupção da busca de um entendimento comercial das duas regiões, durante seis anos não foi por culpa do Mercosul, segundo a chefe de Estado argentina, mas sim de países como a França – que te­­mem a abertura de seus mercados para os produtos agrícolas sul-americanos.

"O grande inconveniente (para um acordo) nunca foi do lado do Mercosul", ressaltou Cristina.

"Há várias formas de protecionismo e é preciso analisá-las", destacou Cristina, afirmando que "protecionismo não é só o que se aplica na aduana dos portos", em clara referência à restrição do go­­verno argentino aos alimentos e bebidas importados.

Zapatero não demorou na resposta a Cristina. "Melhor que a ten­­tação do protecionismo é abrir as portas de nossos mercados porque todos os países seremos beneficiados", disse Zapatero.