O Parlamento Europeu apoiou ontem uma moção que classifica de genocídio o massacre de até 1,5 milhão de armênios ocorrido em 1915 por forças otomanas, dias depois de o papa Francisco usar o mesmo termo.
Embora a resolução repita a linguagem adotada anteriormente pelo Parlamento em 1987, poderá criar tensões com a Turquia, cujo presidente, Recep Tayyip Erdogan, disse mesmo antes da votação acontecer que ignoraria a moção. Após o resultado, o Ministério das Relações Exteriores turco acusou o Parlamento de tentar reescrever a história.
Muçulmana, a Turquia afirma que os cristãos armênios morreram em combates com soldados otomanos a partir de 15 de abril de 1915, quando um grande número de armênios vivia no império governado por Istambul, mas nega que isso equivalha a um genocídio.
A Armênia, historiadores ocidentais e parlamentos estrangeiros se referem à matança como genocídio.
A maioria dos parlamentares europeus endossou a moção, afirmando que “os eventos trágicos que ocorreram entre 1915 e 1917 contra os armênios no território do Império Otomano representam um genocídio”.
“A resolução contém uma mensagem importante para que a Turquia use a celebração do centenário do genocídio armênio para entrar em acordo com o seu passado”, disse o chanceler da Armênia, Edward Nalbandian.
No domingo, o papa Francisco chamou o massacre de “o primeiro genocídio do século 20”. A Turquia a convocou o embaixador do Vaticano e chamou de volta seu próprio diplomata. Ontem o Parlamento Europeu saiu em defesa do pontífice, elogiando sua mensagem.