Jerusalém - O plano palestino de fazer uma declaração unilateral de independência levou mais um banho de água fria ontem, quando a União Europeia seguiu os passos dos Estados Unidos e se negou a respaldar a ideia.
Apesar da rejeição de UE e EUA, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, insistiu na decisão de propor ao Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento da independência palestina e ameaçou renunciar caso não seja atendido.
Abbas, que desembarca amanhã no Brasil para uma visita oficial num momento crítico, diz que não teve escolha, diante do impasse nas negociações de paz com Israel. Na conversa que terá com o presidente Lula, na sexta-feira em Salvador, Abbas espera obter o apoio do Brasil a seu plano.
"Estamos numa situação muito difícil. Qual a solução para nós? Ficar em suspense, sem paz? Foi por isso que dei esse passo, disse Abbas no Cairo, onde se reuniu com o presidente egípcio, Hosni Mubarak.
Assim como fizeram líderes de vários países nos últimos dias, Mubarak exortou o presidente palestino a manter-se no cargo. Frustrado com a falta de avanços no processo de paz, Abbas disse há duas semanas que não pretende concorrer à reeleição, abrindo mais uma frente de incerteza no horizonte palestino.
Aprovação
Ao mesmo tempo, a ANP começou a promover a ideia de obter a aprovação do Conselho de Segurança da ONU à independência palestina.
A rejeição de americanos e europeus, principais mediadores do processo de paz e maiores financiadores da ANP, foi quase imediata. Para Carl Bildt, ministro das Relações Exteriores da Suécia, país que ocupa a Presidência rotativa da UE, a ideia é "prematura.
O bloco europeu pretende reconhecer o Estado palestino, "mas antes é preciso que haja um, explicou Bildt. "O plano palestino é claramente um ato nascido da difícil situação, em que eles não veem nada adiante, comentou.
Em Jerusalém, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que o plano palestino vai contra os acordos assinados com a ANP.