| Foto: Reuters

A situação nos aeroportos europeus começou a se normalizar na terça-feira, após cinco dias de isolamento por causa de uma nuvem de cinzas vulcânicas, mas alguns países mantêm a cautela após sinais de que uma outra nuvem pode estar a caminho.

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A incerteza e os pontos com restrições à navegação aérea, que começaram na quinta-feira, podem durar enquanto o vulcão islandês continuar expelindo cinzas - da última vez, isso ocorreu durante mais de um ano -, e os economistas já começam a modelar o impacto econômico de longo prazo.

Na Grã-Bretanha, importante destino e escala de passageiros e cargas, houve um grande alívio com a notícia de que o país reabrirá seu espaço aéreo nas próximas horas. Outros países europeus já haviam eliminado restrições à aviação por causa das cinzas, que podem afetar motores, superfícies aerodinâmicas, sistemas eletrônicos e outros componentes dos aviões.

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Os transtornos causados pela interdição aérea no norte da Europa afetam passageiros no mundo todo. Em Moscou, o executivo belga Thomas Vanderstappen jogava uma espécie de "roleta aérea" - ele comprou bilhetes para cinco destinos europeus, na esperança de que algum deles decolasse.

"Devo sair daqui hoje, Viena parece certeza", disse ele, na fila de informações do aeroporto Domodedovo, que nas últimas 24 horas teve um aumento consistente na quantidade de voos para a Europa Ocidental.

"Os primeiros dois dias em que passei bastante tempo no aeroporto me fizeram check in umas quatro ou cinco vezes em quatro ou cinco diferentes companhias. Cheguei a entrar em aviões, para então ser expulso."

A Eurocontrol (agência europeia de controle aéreo) disse na terça-feira que metade do tráfego aéreo habitual deve voltar a operar na Europa: cerca de 14 mil voos, contra 9.000 na segunda-feira.

A Air France pretende operar todos os seus voos de longa distância na quarta-feira, mas manterá a suspensão para alguns destinos no norte da Europa. A Alemanha manteve seu espaço aéreo fechado, com algumas exceções.

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No começo do dia, a Grã-Bretanha enviou uma embarcação militar ao norte da Espanha para retirar cerca de 300 cidadãos retidos. O governo britânico pretende usar Madri como um "centro" para cidadãos britânicos retidos fora da Europa. Mais de cem ônibus estão sendo mobilizados para levar essas pessoas até portos marítimos.

Impacto econômico

A União Europeia, que sob pressão das companhias aéreas definiu na segunda-feira planos para a reabertura do espaço aéreo, admitiu que o progresso é lento. "Sabemos que ainda há um monte de problemas para passageiros em terra", disse Helen Kearns, porta-voz da Comissão Europeia (Poder Executivo da UE).

"Estamos diante de uma crise sem precedentes. A perturbação vai continuar ao longo da semana", disse ela.

As companhias aéreas estimam prejuízos diários de 250 milhões de dólares, e o impacto econômico já começa a ser sentido ao longo da cadeia produtiva. Uma segunda semana de interrupção pode causar transtornos que ameaçariam a ainda frágil recuperação econômica global.

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A PricewaterhouseCoopers estimou que uma semana de paralisação poderia eliminar 0,025 a 0,05 ponto percentual do PIB britânico, e que o mesmo deve ser aplicável a outros paises europeus.

A BMW disse que vai paralisar a produção em algumas fábricas alemãs devido à falta de componentes eletrônicos. A Nissan parou três linhas de produção no Japão.

A Associação de Linhas Aéreas Europeias disse que algumas empresas do setor poderão parar de funcionar dentro de uma ou duas semanas. Um porta-voz da Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) disse: "Precisamos encontrar uma melhor forma de tomar decisões."

Por decisão da União Europeia, uma área próxima ao vulcão continua vedada à aviação, mas os países podem reabrir o seu espaço aéreo em zonas onde houver pouca concentração de cinzas, conforme avaliações locais de segurança.

Na terça-feira, a cinza resultante da erupção já subia menos, o que foi uma notícia bem recebida na Europa, mas os fortes ventos nas partes mais altas tornavam as condições incertas.

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