Londres É pouco provável que o primeiro caso britânico de vírus H5N1 em aves domésticas cause grande risco, mas a Europa deve preparar-se para mais casos neste inverno. A afirmação é do enviado da Organização das Nações Unidas para o combate à gripe aviária à região, David Nabarro, em entrevista após a descoberta de variedade altamente patogênica do vírus numa granja britânica de criação de perus, na semana passada. "É motivo de preocupação, mas, como a reação foi correta, acho que a preocupação pode ser restrita", disse Nabarro.
As autoridades britânicas começaram a sacrificar os 159 mil perus de uma granja em Holton (leste da Inglaterra), depois de a Comissão Européia confirmar ontem que milhares de aves da granja morreram infectadas pelo tipo mais letal da gripe aviária, e já iniciam a preparação para a possibilidade, ainda remota, de uma pandemia da doença. A ministra da Saúde britânica, Patricia Hewitt, afirmou que seu departamento já começou a se preparar e disse que o Serviço Nacional de Saúde (NHS) tem máscaras suficientes para seu pessoal, mas que o governo estuda a necessidade de adquirir mais. O Ministério tem antivirais Tamiflu suficientes para 25% da população, após receber a recomendação dos cientistas. As autoridades britânicas indicaram ontem que as chances de a gripe aviária H5N1 passar para os humanos são insignificantes.
O Ministério do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais britânico impôs uma zona restritiva de 2.090 quilômetros quadrados em torno da granja afetada, após consultar especialistas ornitólogos. Essa zona é maior do que a determinada pela União Européia (UE), que estabelece uma área de proteção de três quilômetros de raio, e outra de vigilância, de 10 quilômetros.
O governo britânico determinou, por causa do incidente, restrições à circulação de aves domésticas no país, para evitar que o vírus da gripe aviária se espalhe. A descoberta do vírus H5N1 na fazenda do principal criador de perus da Europa, localizada a 210 quilômetros de Londres, surpreendeu especialistas, pois se trata de um local de acesso restrito. As pessoas envolvidas no processo de corte dos perus e todos aqueles que podem ter entrado em contato com as aves infectadas estão recebendo um medicamento antiviral como precaução, informaram as autoridades.
Este é o segundo caso do H5N1 detectado na UE neste ano. Anteriormente, havia sido registrado um caso na Hungria. O vírus causou a morte de mais de cem pessoas no mundo todo, especialmente no sudeste asiático. Os analistas temem que esta variante possa mutar até ser capaz de infectar pessoas, o que poderia desencadear uma pandemia.